Após alguns deslizes, Jake Bugg pode voltar com tudo. O cantor ainda tem muito a mostrar à música! Se você não conhece o jovem cantor inglês, se liga nesse #JáOuviu?
[Por Ricardo Leite]
Jake Bugg lançou seu primeiro álbum com apenas 18 anos, um ano antes ele já havia aparecido na TV inglesa e chamado a atenção de uma gravadora, alçando o jovem cantor e guitarrista à uma posição de novo queridinho do indie rock inglês.
Já no primeiro disco, Jake Bugg (2012), ele apresenta um indie rock com pegadas de folk e mesmo country do sul do EUA, ou o mais country sulista que um adolescente inglês poderia mostrar. O disco homônimo atingiu o primeiro lugar na Inglaterra em sua semana de estréia.
Em 2013, Bugg lança Shangri La, que não obtém o mesmo sucesso comercial, mas vem com as canções mais poderosas, apesar de menos bem esculpidas como as do álbum de estréia. O primeiro disco foi produzido por Iain Archer, que fez a letra do sucesso “Run” do Snow Patrol e Mike Crossey que produziu os primeiros discos do Arctic Monkeys, ambos também participam nas letras do disco de 2012.
On My One é lançado em 2016 e, nesse álbum, o cantor tenta tomar conta de seu trabalho, escrevendo todas as canções, o que resulta em um disco que em alguns momentos parece faltar algo e em outros é simplesmente constrangedor (o rap em “Ain’t No Rhyme”, por exemplo). Já em 2017, Bugg lança Hearts That Strain que recupera boa parte do brilhantismo inicial, apesar de não chegar a ter canções marcantes como as dos primeiros dois álbuns.
“Então por que Jake Bugg está nessa sessão do Palco Alternativo?”, pergunta o leitor. Exatamente porque Bugg já mostrou potencial em seu trabalho, e o artista de apenas 25 anos tem ainda muito o que oferecer.
Quem: Jake Bugg (Vocais, Guitarra, Violão, Baixo, Piano, Harmônica)
De onde vem: Clifton (Nottingham). A cidade fica ao norte de Londres e ao sul de Manchester, o que encerra qualquer discussão sobre rock.
O que já fez: Jake tem quatro álbuns de estúdio, “Jake Bugg” de 2012 possui as músicas mais conhecidas e Shangri La (2013) tem algumas mudanças sonoras agradáveis. Em On My One (2016) e – principalmente – Hearts That Strain (2017) o cantor tenta tomar as rédeas de sua produção, o resultado nem sempre é o esperado, o que não significa que não há coisa boa ali no meio.
Quem vai gostar: O cantor inglês apresenta um folk-indie-rock ou alguma coisa por aí, suas tentativas de abranger outros gêneros podem não ter sido tão bem-sucedidas mas mostram uma coragem e uma vontade de buscar o diferente que está em falta no mundo da música. Em seus melhores momentos Bugg lembra Jack White, em outros um Bob Dylan largando o violão e pegando a guitarra ou ainda os irmãos Gallagher. Dito isso, Bugg está próximo da infinidade de artistas e bandas indie inglesas, porém com um algo a mais do blues, folk e country para temperar seu som.
Por que ouvir: O artista já mostrou que pode dar muito à música e com apenas 25 anos é isso mesmo que se espera dele, o cantor precisa acertar o tom (apenas figurativamente!) nos próximos trabalhos, mas tem tudo para recuperar a qualidade dos primeiros discos. Bugg é daqueles que depois que você pega o gosto, ouve do início ao fim e coloca do início de novo.
Por onde começar: Não há dúvida de que seu melhor trabalho é mesmo o disco de estréia, mas comece pelo segundo, ali está um conjunto de músicas que mostra um Bugg mais eclético, mas ainda dentro de seu território. Em especial as animadas (apesar das letras)”There’s a Beast and We All Feed It” e “What Doesn’t Kill You” e a crítica “Messed Up Kids”. Agora sim volte às origens e ouça o primeiro disco do início ao fim, “Lightning Bolt”, “Two Fingers” e “Taste It” abrem o álbum com força total, e atenção especial para a bela “Broken”. A partir daí parta para o último trabalho de Bugg, Hearts That Strain (2017) que traz letras mais introspectivas e mesmo dark como em “In the Event of My Demise” e solos e riffs interessantes, como em “Burn Alone”. Mesmo em On My One (2016), de longe o disco mais fraco de Bugg, pode-se encontrar algo diferente como nas country à Nashville “On My One” e “Livin’ Up Country”.