Em turnê pelo Brasil com o disco “I Want to Grow Up”, Collen faz shows aconchegantes e intimistas
Texto Natasha Ramos
Fotos Flávio Melgarejo
Colleen Green é dessas artistas autênticas que abraça o underground e o espírito DIY (Do it yourself), toca o que gosta, sem a pretensão de se tornar um fenômeno de popularidade. Aos 31 anos, a moça, natural de Massachusetts, resolveu levar sua arte mais a sério há apenas cinco e já coleciona três discos na bagagem. O mais recente, I Want to grow up, lançado esse ano pela gravadora independente Hardly Art, foi o trabalho que virou os holofotes em sua direção: com uma boa review da exigente crítica do site gringo Pitchfork e eleição de melhor artista solo de 2015 pela revista LA Weekly.
Em sua primeira turnê pelo Brasil, que passou por quatro capitais brasileiras (Curitiba, Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro), a moça veio divulgar seu último álbum e o lançamento de uma fita cassete com covers lançado por aqui pelo selo independente Terry Crew (Leia entrevista com Emil Stresser, do Terry Crew aqui!).
Munida com nada mais do que sua guitarra, uma drum machine e sua música, que ela gosta de chamar de stoner pop (grosso modo, um indie pop com elementos do punk, noise e lo-fi), Collen tocou em shows intimistas em casas com capacidade reduzida, o que tornou o público e a apresentação mais, digamos, aconchegante.
Na apresentação em São Paulo, realizada na noite de quinta-feira (20), no Neu Club (casa localizada na região oeste), que contou com show de abertura da banda curitibana Subburbia, a moça franzina e aparentemente séria, foi aos poucos interagindo mais e mais com o público, perguntando como se dizia uma palavra ou outra em português.
Ela começou o show com “Pay Attention”, do último disco, e entre uma música e outra ela sorvia uma bebida alcóolica que não consegui identificar. “Como se diz ‘cheers’ em português?”, ela pergunta. “Saúde!”, alguém responde. “Sáudi”, ela tenta repetir.
Se no começo ela parecia tímida, aos poucos ela foi se soltando e mostrando um senso de humor peculiar. Na terceira música, ela diz “Essa é minha última música”, para emendar em seguida após os gritinhos de incredulidade do público: “Tô brincando”, e tocar “Jesse has a new girl now”, de seu EP Cujo (2011).
Uma menina na plateia com a camiseta do Libertines ficava gritando sem parar “You’re So Cool!”. A primeira vez, Collen fez um meneio com a cabeça cabeça como que agradecendo o suposto elogio. A segunda vez que a menina gritou, Collen pareceu confusa: “Você está só dizendo isso ou você está pedindo a música?”. A menina: “A música!”. Collen: “Ah..!”, parecendo meio desapontada. E atendendo aos pedidos, ela tocou “You’re so cool”, do segundo disco, Sock it to Me (2013).
Ela ainda tocou “Things That Are Bad for Me”, “Grind My Teeth”, “Whatever I Want” (com direito a coro de três rapazes cabeludos com cara de metaleiros no refrão), e “TV”, todas do mais recente disco. Esta última seria a música que encerraria o show, mas alguém pediu “Mais 10!”. Daí ela tocou “Only One”, do Sock it to Me. Era para ser o fim, mas alguém pediu “Mais um!”. Daí ela tocou “I Wanna be Degrated”, do seu disco de estreia Milo Goes to Compton (que é uma referência direta ao disco de estreia de uma de suas bandas preferidas de punk rock: Descendents). E sim, depois dessa música foi, de fato, o fim. “Obrigada”, ela disse e, sem muita frescura, se retirou de cena. E a garota da camiseta dos Libertines continuava gritando “You’re so cool!”, mas dessa vez ela realmente se referia à Colleen.
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