“Meu som é uma mistura das influências de todos os lugares nos quais já more e onde eu viajei”, diz Yoyo ao Palco Alternativo
[Por Natasha Ramos]
Recentemente, fui a Florianópolis, a ilha da magia, dar uma desopilada de São Paulo, e me deparei com esta cantora e instrumentista venezuelana fantástica. Yosune Borobia (ou apenas Yoyo), se apresentava no Biruta – Arte e Cultura, um bar acolhedor no Canto da Lagoa, onde fui tomar um drink com um amigo francês.
Quando cheguei no local, meu amigo já estava me aguardando e me disse que teve a chance, pouco antes de eu chegar, de conversar com Yoyo. Acontece que Romain não fala nada de espanhol. “Ela falou comigo em francês!”, disse ele com certa surpresa na voz.
Yoyo canta em espanhol sim, sua língua materna, mas também em, pelo menos outras três línguas: francês, inglês e português. “Tive o espanhol como língua nativa e aprendi inglês viajando e estudando. Morei um tempo na França onde aprendi francês e por último vim morar no Brasil, então aprendi o português e portunhol também, claro”, explica a cantora.
Na apresentação que tive a oportunidade de assistir, um show intimista para poucas pessoas num ambiente confortável a baixa luz, me perguntei qual o nome daquele estranho instrumento que parecia um violão, mas menor, e tinha apenas quatro cordas. Era o “cuatro”, ela explicaria em seguida.
“Comecei tocando o cuatro, instrumento venezuelano, e cantando aos 7 anos na Venezuela. Meus pais me colocaram na aula de cuatro, que estudei durante alguns anos. Quando eu mudei para a Espanha ele ficou guardado, e agora que retomei ele como meu parceiro de composição não o deixo mais”, explicou.
Na adolescência, a cantora conta que começou a brincar com o violão, mas o fato de ter mais duas cordas “me desconcertava me impedindo de cantar enquanto toco, que é o que mais gosto mesmo”, diz.
Além de cantar e tocar, Yoyo cria música corporal, com percussão no corpo, e usando vocais criando loops e camadas diversas, à exemplo da cantora francesa Camille e da banda brasileira Os Barbatuques. “Nessas criações, às vezes, uso outros instrumentos pequenos, outros timbres, como a kalimba e o preambulo (um instrumento criado por um grande amigo)”, conta.
No show ao qual assisti, Yoyo tocou no melhor estilo um banquinho e um violão -ou melhor, um cuatro-, acompanhada do loopstation (aparelho que serve para gravar e repetir som, permitindo que se crie e grave por cima outras camadas vocais). Mas, ela diz que o formato de suas apresentações podem variar. “As vezes não posso vir com uma banda por questões de logística mesmo, nesses casos para não privar o público de escutar essas minhas histórias, faço meu show solo”, conta.
A cantora e instrumentista inspira e expira música, é o seu metier e sua razão de viver. Por escutar de tudo um pouco, Yoyo já participou de projetos diversos, desde jazz à salsa, passando pelo rock, soul e até bossa-nova. “Como instrumentista, meu cuatro voltou a ser meu parceiro há pouco mais de um ano, quando resolvi mostrar meu trabalho autoral”, explica.
Das suas influências, ela diz que são tantas que é difícil citar um ou outro nome: “não tenho ídolos específicos, só escuto e escuto e escuto, as vezes sem saber quem que é”.
Levar uma vida dedicada à música parece, no mínimo, interessante. Viver disso, então, nem se fala! “Todo dia, acontecem coisas curiosas na minha vida, sempre misturando o pessoal e o profissional. Houve uma vez em que a polícia apareceu para intervir em um festival que estávamos fazendo, em São Paulo, o Cabare Variete, e como minha banda ia encerrar o festival, brotou meu espírito pacifista e negociador, e conseguimos realizar o show acústico, com as pessoas sentadas, foi lindo.”
Ao longo de sua carreira, Yoyo passou por vários grupos com os quais gravou alguns EPs independentes. Atualmente, a moça está em fase de produção do que será seu primeiro álbum autoral. Enquanto o disco não sai, é possível conferir o trabalho da cantora em seu canal no Youtube. “Quando meu disco ficar pronto e for lançado será disponibilizado e vendido pelas plataformas digitais e em formato físico, claro”, diz.
O trabalho deve ser finalizado e lançado no começo do próximo ano, quando Yoyo deve escursinar pelo Brasil, Uruguay, Argentina e Europa.