Um retorno mixado dos indies escoceses
De volta ao agora inconcebível indie rock denominado “mid noughties” (a gíria “noughties” é relativa aos anos 2000, ou seja, indie rock do meio dos anos 2000), os shows barulhentos e “cheios de noção” do The Fratellis acabou por trazer a eles certa reputação. Mas a popularização do grupo foi às alturas após o lançamento do pesado “Chelsea Dagger”, segundo single da banda, de 2006. Não são muitas as bandas que conseguiram se sobressair daquele divertido, porém curto, período da música britânica, e quando o trio escocês anunciou uma pausa por tempo indeterminado em 2009, muitos acreditaram que eles haviam se tornado mais uma vítima.
O retorno com o péssimo We Need Medicine (terceiro disco da banda, lançado em 2013) não foi nada convincente e deu a impressão de que era só uma questão de tempo até que a banda realmente terminasse. O grande problema desse álbum é a sua completa falta de progressão musical, o que faz com que Eyes Wide, Tongue Tied se torne uma ótima surpresa. Deve ter levado quase uma década, mas o The Fratellis finalmente amadureceu para uma batida sutilmente mais refinada e sofisticada.
“Me And The Devil”, a introdução, cinematicamente se desenrola em uma ameaçadora linha de piano, que precede a fala de Jon Fratelli, quando anuncia “Eu vou vender a minha alma!”. É uma luz inesperada, mas o resto do material não toma tantos riscos, “Imposters (Little By Little)” e “Desperate Guy” têm rica melodia, shuffles country pop, enquanto a nebulosa balada “Slow” mostra maturidade e profundidade que a banda há muito havia perdido.
O senso de rejuvenescimento é, de certa maneira, atrasada pela inclusão de alguns padrões do Fratellis. O resultado varia da divertida ‘Baby Don’t You Lie To Me!’ até a tediosa e sem sal ‘Rosanna’. E então tem ‘Dogtown’, que não chega a ser uma música, mas sim um carrossel tórrido de clichês musicais reescritos e soando horrivelmente agitados.
Mas Eyes Wide, Tongue Tied é quase inteiramente um sucesso. As mudanças não são, de maneira alguma, revolucionárias, mas o The Fratellis conseguiu subverter as expectativas com algumas sutis, porém efetivas, mudanças em seu som. É a mais simples coleção de músicas que a banda já produziu desde sua formaçãom enquanto mantém o charme e vitalidade que os faz tão atraentes logo de cara.
Lançamento: 21 de agosto de 2015
Selo: Cooking Vynil
Faixas:
1. | “Me and the Devil” | 5:37 |
2. | “Impostors (Little By Little)” | 3:38 |
3. | “Baby Don’t You Lie to Me” | 3:47 |
4. | “Desperate Guy” | 3:38 |
5. | “Thief” | 3:27 |
6. | “Dogtown” | 3:43 |
7. | “Rosanna” | 3:31 |
8. | “Slow” | 4:41 |
9. | “Getting Surreal” | 3:52 |
10. | “Too Much Wine” | 4:02 |
11. | “Moonshine” | 3:41 |
Da redação com informações do site Clash