Por Natasha Ramos, de Nova York
Em seu oitavo ano, o New York Popfest é orgulhosamente um evento de nicho, desses que podem passar despercebidos entre os radares mais atentos. Realizado em quatro dias (este ano, de 28 a 31 de maio) em casas de shows intimistas espalhadas pelo Brooklyn e o Lower East Side, em Nova York, este festival chama atenção daqueles que acham selos como Sarah, Labrador e Factory Records tão excitantes quanto as próprias bandas e artistas lançadas por essas gravadoras independentes.
O festival reúne nomes adorados pelos amantes de indie pop, como a Amelia Fletcher, que hoje integra o duo londrino The Catenary Wires, e apresenta artistas e bandas de várias partes do globo, atraindo, assim, não só nova-iorquinos para os shows, como também pessoas de outras partes do país e, por que não, de outros continentes (como a pessoa que vos escreve).
A primeira noite do festival contou com show da Beverly, do Brooklyn, como headlinner. Liderada por Drew Citron, a banda adiantou o que viria nos outros três dias do evento: bandas indies alternativas parecidas entre si, mas ao mesmo tempo, distintas em suas especificidades. Beverly apresentou uma dose pesada de fuzzy, e a combinação contrastante de guitarras distorcidas e a doce voz de Citron.
Durante o fim de semana, cerca de trinta bandas se apresentaram, borrando os limites do musical e do cultural. Para algumas dessas bandas, o NYC Popfest era um palco político, onde apresentavam suas idéias. Foi o caso da escocesa The Spook School que, com piadas e gracinhas, tocaram músicas que falavam de gênero e sexualidade.
A espanhola Papa Topo, tocou um set estranho e agressivo, transitando do pop ao noise e rock. Até cover de “Wannabe”, das Spice Girls, rolou. A canadense Holiday Crowd apresentou um som fortemente influenciado por Smiths. Já a japonesa Wallflower poderia ter ganho um prêmio de banda mais empolgada do festival, mandando sons que remetiam à banda nova-iorquina The Pains of Being Pure at Heart, e depois reaparecendo no palco para dançar no show da Spook School.
Formada nos anos 80, os veteranos da The Loft, headlinner do segundo dia, foi uma surpresa boa para aqueles que, como eu, estavam interessados em descobrir bandas novas e de qualidade. Tipicamente inglês, o vocalista Peter Astor, esbanjava charme e simpatia, ao mesmo tempo em que apresentava um som cheio de personalidade.
A sueca Club 8 que encerrou o festival, era (talvez) a atração mais esperada do evento, eles não tocavam em terras norte-americanas há cinco anos. Formado pela cantora Karolina Komstedt e o multi-instrumentista Johan Angergård, o duo tocou quase todas as músicas de seus seis álbuns lançados ao longo de seus dezenove anos de carreira.
Quatro dias de shows, lugares pequenos e bandas longe do mainstream, essa é a receita do NYC Popfest, que, assim como começou, continua despretensiosamente reunindo amantes do indie pop na cidade mais cosmopolita do mundo. ::