Entre os dias 19 e 24 de fevereiro, o palco do Sesc Pompéia, em São Paulo, recebe o já esperado festival Prata da Casa, que reúne diversos artistas nacionais e promove uma verdadeira mistura de estilos. Dessa vez, a semana de shows é dedicada aos artistas que foram destaque na edição 2012 do festival.
Criado em 1999, o festival tornou-se uma vitrine de novos nomes da música brasileira. Com curadoria de Alexandre Matias, o festival deste ano reforça a diversidade da música brasileira ao trazer nomes de diferentes Estados e ao misturar rock, rap e samba. Abaixo, a programação e alguns motivos pelos quais você não deve deixar de assistir a nenhuma das apresentações.
MISTURA BOA
A noite do dia 19/2, com shows de Sambanzo e Afroelectro, ambas paulistas, promete uma boa mistura de África e Brasil, ou melhor, com São Paulo. Nas palavras do próprio curador, “uma das principais tendências da atual cena musical paulistana é a cada vez mais intensa conexão africana”. Bem, então, por que não perder as apresentações dessas duas bandas?
No caso do Sambanzo, quem está no comando do grupo é Thiago França, sem dúvida um dos mais talentosos instrumentistas de sopro do Brasil e que tem como parceiro fiel Kiko Dinucci, um dos nomes mais criativos da atual cena da música popular brasileira, principalmente a que envolve artistas com influência da cultura africana. Alexandre Matias já disse que para ele o Sambanzo é a melhor banda brasileira da atualidade.
Kiko rodou os últimos anos com o projeto Metá Metá, ao lado de França e de Juçara Marçal, e são frequentes as referências africanas em sua música. No Sambazo, ele se junta a França, acompanhado ainda de Wellington Moreira na bateria e Samba Sam na percussão.
Já o Afroelectro, banda formada em 2009, insere cantos de cultura popular de diferentes regiões do país como os cantos de Tambor de Crioula de Tabocado Maranhão (trazidos para São Paulo pelo Pai Euclides da Casa Fanti-Ashanti), versos de Cavalo-Marinho originários de Nazaré da Mata (Pernambuco), cantos de capoeira e de Candomblé nas músicas do grupo.
O grupo, formado por, Sérgio Machado (bateria, teclados, programações e vocais), Michael Ruzitschka (guitarras e vocais), João Taubkin(baixo-elétrico e vocais), Mauricio Badé (percussão e vocais) e Denis Duarte(loops, percussão e vocais), vem cheio de vontade já que lançou seu primeiro disco em 2012, com participação de, entre outros, Kiko Dinucci. Olha ele aí de novo…
ROCK PAPO RETO
“O grande legado do rock é justamente permitir que gente com pouca idade e formação musical básica consiga reunir-se em trios ou quartetos formados apenas por baixo, guitarra e bateria para sintonizar na veia de uma geração e usar estes meios para comunicar-se de forma direta e sem rodeios”, diz Matias. Então esqueça as formalidades ao assistir o rock “estilo intelectual” de Rafael Castro e a banda O Terno, que se apresentam no dia 20/2.
NOITE POP
A noite do dia 21/2 será regada de música pop com cantora e compositora Kika (SP) e o cantor Tibério Azul (PE). Ela está bem próxima do centro afropaulistano, sem deixar de lado as referências jamaicanas do dub, e ele pertence à safra de artistas que veio de Pernambuco logo após o fim do mangue beat e depois de passar por diferentes bandas, lançou seu primeiro disco solo no ano passado. Em comum, ambos cantam com um pé no pop radiofônico e outro num ar hippie sem a conotação pejorativa do termo.
NOITE INDIE
Silva (ES), um dos nomes de destaque entre as revelações de 2012, e Madrid (SP) tomam conta da noite do dia 22/2.
Talvez, a palavra que possa definir essa noite seja reinvenção. Isso porque Silva deixou de lado o caminho do rock com guitarras barulhentas e mostrou de vez, para quem ainda não estava convencido, de que o indie tem outros caminhos – entre eles, o que passa pela música eletrônica.
Do outro lado, Marina Vello (ex-Bonde do Rolê) e Adriano Cintra (ex-Cansei de Ser Sexy) reinventaram sua musicalidade ao deixarem seus antigos grupos e criarem o Madrid.
PERNAMBUCANOS EM CASA
Depois do Rio, de São Paulo e de Salvador, talvez Recife já possa ser considerada a quarta força artística do Brasil. Quem já esteve lá e acompanha a ebulição criativa que vem, não só de Recife, mas de todo Pernambuco, sabe a força e a conexão cultural com todo o país que os artistas lá produzem, seja chocando o moderno e arcaico, seja com guitarras, batuques ou beats. Pernambuco é Brasil. É isso que Cila do Coco e Caçapa apresentam no palco no dia 23/2.
Dona Cila do Coco foi uma das primeiras artistas de raiz resgatas por Chico Science e o manguebeat, em meados dos anos 90. Já Rodrigo Caçapa, saiu da mesa de produção para lançar seu ótimo primeiro álbum solo Elefantes na Rua Nova no ano passado, em que mergulha no universo das violas e percussão.
O RAP PAULISTANO
Rodrigo Ogi e Elo da Corrente encerram a primeira etapa do festival no dia 24/2 e devem repetir as apresentações de artistas do gênero no ano passado, no mesmo festival: casa lotada. Para este ano, eles retornam ao palco.
Ogi apresenta canções de seu primeiro disco, Crônicas da Cidade Cinza, onde recria tipos, manias e rotinas de São Paulo, e o Elo da Corrente, formado pelos MCs Caio, Pitzan e pelo DJ PG, canta suas crônicas da paulicéia desvairada
Cada situação cantada por eles é conhecida de qualquer bom paulistano que encara a cidade de frente – uns mais, outros menos– todos os dias. O show vale para reafirmar o bom momento do rap paulistano frente a um público que vem cada vez mais se rendendo ao gênero.