[por Andréia Martins]
À primeira vista, elas parecem tudo, menos um trio de tango. Quando reparamos em seus instrumentos – violino, violão e piano -, a impressão é a mesma. Mas basta a primeira nota para você entender que o Las Rositas é sim um grupo de tango, mas com algo diferente.
O trio formado por Cecilia Palma (violão), Gabriela Palma (violino) e Ana Belén Disandro (piano), o trio natural de Córdoba faz parte dessa nova geração de artistas argentinos que abraçou um gênero antigo e tradicional da terrinha para apresentá-lo a um novo público, em novas versões e interpretações. As performances – Ana, sempre sorridente, comanda o duelo de cortas entre Cecília e Gabriela – renderam a elas o apelido de “revolucionárias do tango” pela imprensa argentina.
“É o encanto do tango que faz com que esse gênero sobreviva ao tempo. E ainda há algo mágico, que atrai tantas gerações, não apenas na Argentina, mas em todo o mundo. O tango tem melancolia, alegria, é sutil, uma força que tem um pouco de tudo. O tango é muito humano, e isso o faz transcendental”, diz Ana Belén ao Palco Alternativo.
O grupo esteve recentemente no Brasil para uma turnê que passou por São Paulo capital e algumas cidades do interior. Essa não foi a primeira vez do trio por aqui. Aliás o Brasil já está virando uma segunda casa para a garotas.
O trabalho das meninas mistura composições próprias e releituras “misturando o ancestral com o pop e o eletrônico”, diz Ana. Sobre o apelido de “revolucionárias”, ela diz que é “um bom elogio”. “Na verdade buscamos isso todos os dias. Misturar o tradicional com novos estilos e instrumentos é o que faz de nosso trabalho chamativo e desafiador”.
Entre os autores que ganham novas versões nas mãos do trio estão nomes como Carlos Gardel, Astor Piazzolla, Osvaldo Pugliese e Rosita Melo, autora de um dos mais famosos tangos argentinos, “Desde el Alma” e que inspirou o nome Las Rositas.
“Rosita é um nome muito representativo da mulher argentina. Pode ser a mulher que canta tango ou mesmo a lavadeira. Além disso, tem a ideia perfeita do que queremos transmitir”, diz a pianista.
Conhecida a história do nome, passemos para a de como tudo começou, parte na qual o Brasil tem papel importante.
“Em 2007 viemos fazer um curso de música clássica e nos apresentamos com uma orquestra de Córdoba. Nas reuniões e ensaios as pessoas dos outros países viviam nos pedindo para tocarmos um tango. Então começamos, primeiro com Piazzolla, e desde então nunca mais abandonamos o tango”.
Para 2012 elas preparam um novo disco. “Será inovador e terá clássicos de tango gravados em formato acústico, outros com bases eletrônicas e também composições próprias”, revela. Com relação ao eletrônico, Ana diz que é diferente do que se vê, “um tipo de tango eletrônico up”. É esperar para ver.