Um laboratório de experimentos sonoros

O Labirinto é assim: uma banda que mistura experiências e sensações em suas linhas melódicas e já é, sem dúvida, um candidato a entrar nas famosas listas de melhores do ano

[por Andréia Martins]

2011 já é sem dúvida um ano que vai marcar a banda paulistana de post-rock Labirinto – sinta-se à vontade para defini-la de outro modo. Há oito anos na estrada, a banda que se define como um grupo instrumental e experimental está provando agora o doce gostinho de cair nas graças do público e da crítica.

Boas críticas em revistas e sites nacionais e gringos, shows indo bem, público comentando bastante sobre a banda nas redes sociais e a primeira turnê internacional — que acontece no exato momento.

Formado por Erick Cruxen (guitarra), Muriel Curi (bateria), Daniel Fanta (guitarra), Eddu Ferreira (baixo), Pedro Rizzi (guitarra), Bruno Pietoso (lapsteel e sintetizadores), Alê Amaral (bateria), Ana Miguez (violoncelo) e Moema Lima (violino), o Labirinto surge em 2003 e começa a trabalhar na composição musical instrumental, priorizando as exaltações emotivas variadas que a música percorre ao longo dos múltiplos caminhos estéticos, ideais e interpretativos.
O grande filão da banda — até agora — é o disco Anatema (2010). São seis faixas, coladas uma nas outras, umas mais densas, outras mais pesadas, mas com guitarras sempre afiadas, cujas construções melódicas permitem um misto de sensações, depende da imagem criada por cada ouvinte durante a viagem sonora.
Muriel bateu um papo com o Palco, por e-mail, antes de arrumar as malas rumo à turnê internacional. Confira:
Palco Alternativo – Primeiro, queria saber onde e como tudo começou.
Labirinto – As primeiras ideias e projetos sobre a banda surgiram em 2003, mas nosso primeiro EP foi lançado em 2005, ano em que nos estruturamos, realmente, como um grupo instrumental e experimental. Desde que começamos a tocar com o Labirinto, há quase 8 anos, fizemos as primeiras composições pensando em não ter vocal e em usarmos instrumentos não comuns em bandas de rock; mas foi ao longo da existência do Labirinto, experimentando formas de compor, instrumentos e formações diferentes, que chegamos à um som que nos agradasse. Consideramos que o primeiro lançamento, no qual conseguimos apresentar nossas ideias musicais de uma maneira mais fiel àquilo que imaginávamos, foi com o EP Etéreo, lançado apenas um ano antes do Anatema.
A banda sempre foi assim, generosa, no número de integrantes?
Labirinto – A ideia sempre foi experimentar e brincar com timbres, texturas, dinâmicas e sonoridades diversificadas. Para isso, buscamos utilizar diversas ferramentas e instrumentos em nossas composições, e em apresentações ao vivo eventualmente convidamos um músico para juntar-se a nós. O limite é o tamanho do palco! (risos)
Anatema é um disco muito conceitual, bem amarrado. Vocês já estão pensando no segundo trabalho, no que vai dar base a essa nova criação, especialmente agora que você estão com a novas experiências na bagagem?
Labirinto – Engendramos o Anátema em cima de uma narrativa, que balizou todo o processo de criação do disco. Conceitualmente, o segundo disco será uma continuação. Contudo, ele terá novos elementos, sonoridades e instrumentos. Já temos uma parte dele pensado e composto. Em breve, após as turnês e shows, começaremos a “trabalhá-lo”.
Aliás, o que significa Anatema?
Labirinto – Excomunhão, maldição, mácula. O conceito do disco de “eterno retorno” engloba todas essas definições. Tentamos tornar esta ideia mais nítida por meio da relação proposta entre as músicas e as ilustrações impressas no LP e no CD.
O disco Anatema, de 2010
Por que vocês terminaram a mixagem do disco Anatema em Chicago?
Labirinto – Resolvemos mixar em Chicago com o Greg Norman, no Electrical Áudio, pois ele já fizera trabalhos muito interessantes com bandas gringas, que possuem sonoridades próximas a do Labirinto, como Pelican e Russian Circles.; além da sua própria forma de “trabalhar”, que coincidia com toda proposta e fomentação do disco. Mandamos um material da pré-produção do Anatema para ele, que apreciou e topou a empreitada. Depois masterizamos com o Bob Weston, também em Chicago. Adoramos o resultado de ambos os processos.
O disco vem acompanhando de um trabalho gráfico bem interessante, nos shows vocês fazem projeções. Queria saber se para você a ideia de fazer música sempre esteve atrelada a essa coisa de unir outras formas de arte. Sempre funcionou assim?
Labirinto – É como se a experiência fosse mais completa… Buscamos relacionar nossas composições com outras formas de expressão cultural, como cinema, fotografia, literatura. Tentamos construir músicas imagéticas, onde as pessoas possam ser envolvidas por diferentes formas e signos de percepção. As ilustrações do disco associam-se com as músicas correspondentes, que representam fragmentos da narrativa de Anatema. Tentamos levar esse conceito pra nossas apresentações também.
Produzidas em 2009 pelo artista paulistano João Ruas, as seis ilustrações que fazem parte do álbum foram criadas de acordo com a história desenvolvida pelo guitarrista Erick Cruxen para Anatema. Norteadas pelos fantásticos mundos dos jogos de RPG, mitologia antiga e conceitos de psicologia, as imagens ilustram os conceitos e os momentos da história, cada uma representando uma música do álbum
Você estão de malas prontas para uma turnê internacional, certo? Onde vão tocar e será a primeira vez?
Labirinto – Fomos convidados a tocar no festival North by Northeast (NXNE) em Toronto/Canadá, que acontecerá daqui a menos de um mês. Aproveitamos, e antecipamos a turnê que faríamos em setembro. Ainda estamos confirmando outras datas, mas já temos apresentações confirmadas em algumas cidades pela costa leste dos EUA, como Nova York e Baltimore, além de Chicago, Urbana e Detroit. Estamos muito ansiosos, mas muito felizes e satisfeitos por podermos realizar essa tour.
Li boas resenhas do disco de vocês em sites gringos… Essa boa repercussão lá fora foi inesperada ou vocês também trabalharam nessa divulgação lá fora?
Labirinto – Sempre mantivemos contato com um pessoal do exterior. Em nossas redes sociais nos relacionamos com pessoas de diversas partes do mundo. Ficamos, realmente, surpresos com a repercussão que o Anatema obteve, permitindo-nos conhecer mais gente, bandas e festivais ao redor do mundo.
Na volta dos EUA, já tem algum grande show a vista?
Labirinto – Temos algumas datas sendo confirmadas. Dia 4 de agosto tocaremos em Sorocaba no Asteroid, e até o mês de setembro devemos tocar em Curitiba e em São Paulo, na Serralheria. Disponibilizaremos todas as informações em nossa mídias sociais e no informativo que enviamos mensalmente: www.labirinto.mus.br,  www.twitter.com/labirintomusic e www.facebook.com/labirintoband.

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