Soul Boogie Orchestra: nos tempos das big bands

“O que me levou a montar a banda foi uma paixão por big bands”, diz João Zambuzi, baixista e idealizador da Soul Boogie Orchestra, que se apresentou no Bourbon Street Club no último sábado (12)

Soul Boogie Orchestra durante apresentação de sábado (12) no Bourbon Street. Foto: Natasha Ramos

Por Natasha Ramos

Volta e meia, surge um movimento de pessoas que se mobilizam para reviver o espírito de uma época passada. Aconteceu com os discos de vinil, com as fitas K7 e até com gêneros musicais característicos de décadas como a de 1930, 1940, 1950 e 1960. Estamos falando de gêneros como o jazz, blues, rockabilly e soul.

A Soul Boogie Orchestra é uma dessas bandas contemporâneas que celebram estilos de décadas de ouro. Composta por dez músicos (bateria, baixo, guitarra, voz, sax tenor, sax barítono, trombone e trompetes), a big band se apresentou no último sábado (12) no Bourbon Street Club, reconhecido clube de jazz & blues em São Paulo.

No repertório, clássicos como “My Girl” (1965), da banda The Temptations, e “Can’t take my eyes off you” (1967), famosa na voz de Frankie Valli, passando por “Mr. Pinstripe Suit”, da banda contemporânea de swing jazz revival Big Bad Voodoo Daddy, e muitas versões de músicas mais atuais com roupagem vintage.

As versões de músicas, inclusive, foram as que mais movimentaram a galera no Bourbon no show de sábado. “O público da Soul Boogie é muito variado”, comentou ao Palco Alternativo o baixista, produtor e idealizador da Soul Boogie Orchestra, João Zambuzi.

“A Soul Boogie agrada a gregos e troianos: para o filho que gosta de AC/DC, tocamos ela numa pegada mais Frank Sinatra. E para o pai que gosta de Frank Sinatra, tocamos ela numa pegada mais AC/DC. O público gosta muito das versões da banda. Muitas das vezes, falam que as versões ficam melhores que a original”, complementa João. 

Na esquerda, o baixista João Zambuzi; na direita, o vocalista Erick Barbi.

Na apresentação, teve espaço também para canções de Amy Winehouse – que também revisitava estilos como jazz, soul e rhythm and blues –, dentre elas, a famosa “Rehab” e “Valerie”, embora esta última não seja originalmente da cantora, mas de uma banda britânica de indie rock chamada The Zutons

Há 15 anos na estrada, a Soul Boogie Orchestra surgiu da paixão de Zambuzi por big bands. De novembro de 2007 até hoje, o grupo já tocou em diversos lugares como Credicard Hall, Memorial da América Latina, Sescs e festivais de jazz no Brasil, além, é claro, do Bourbon Street Club.

“Eu estudei no Conservatório de Tatuí, na Universidade Tom Jobim, em São Paulo; lá eu fazia prática de big band, com 17 músicos, e o meu sonho era ter a minha big band”, conta João.

Assim Zambuzi criou a Soul Boogie Orchestra, que foi um derivado de uma big band maior, com 17 músicos. “A Soul Boogie é um pouco menor, tem dez músicos, na necessidade de ter uma formação que encaixasse tanto em casas noturnas como para fazer eventos. Coloquei um vocalista, daí a banda já ficou totalmente diferente, não tinha nada parecido no Brasil”, complementa.

Soul Boogie Orchestra durante apresentação de sábado (12) no Bourbon Street. Foto: Natasha Ramos

Bandas revival de swing jazz

Além da Soul Boogie Orchestra, outros grupos musicais surgiram nos últimos anos com a proposta de tocarem estilos que derivam do jazz e do blues.

Por volta de 1989 até meados e final de 1990, houve um movimento de renascimento do swing jazz, com bandas formadas a partir desses anos que tocavam o chamado retrô swing e neo-swing.

A música desses grupos foi geralmente enraizada nas big bands da era do swing dos anos 1930 e 1940, mas também foi muito influenciada pelo rockabilly, boogie-woogie, o jump blues de artistas como Louis Prima, incorporando muitas vezes a teatralidade de Cab Calloway. 

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Muitas bandas de neo-swing praticavam fusões contemporâneas de swing, jazz e jump blues com rock, punk rock, ska e ska punk ou tinham raízes no punk, ska, ska punk e rock alternativo.

Algumas dessas bandas são: a já mencionada Big Bad Voodoo Daddy e a Royal Crown Revue, ambas formadas em 1989 na Califórnia; a Squirrel Nut Zippers, formada em 1991 na Carolina do Norte; a Cherry Poppin’ Daddies, formada em 1989 em Oregon; e The Brian Setzer Orchestra, formada em 1990 pelo vocalista da Stray Cats, outra banda revival, mas de rockabilly. 

Preparamos uma playlist para você conhecer mais dessas bandas e requebrar o esqueleto:

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