[Por Ricardo Leite]
Após uma pausa de dez anos desde o último trabalho solo, Scream, de 2010, Ozzy Osbourne apresentou Ordinary Man no último dia 21 de fevereiro. O novo trabalho surge em um momento difícil para o artista, com muitos problemas de saúde que resultaram, inclusive, no cancelamento da turnê de seu show anterior. Porém, segundo o próprio Ozzy em entrevista ao site inglês loudwire, foi sua filha que o convenceu a voltar ao trabalho e “sair da cama”.
Diferente de outros trabalhos, Ordinary Man foi finalizado em apenas quatro semanas, o que trouxe ao álbum uma força mais espontânea, lembrando trabalhos mais antigos, tanto de sua carreia solo quanto com a Black Sabbath. A lenda do metal atualizou, nesse trabalho, seu som, com a participação do rapper Post Malone e também elevou o nível com músicos da estatura de Chad Smith, baterista do Red Hot Chili Peppers e o baixista Duff McKagan do Guns N’Roses. Ainda, o disco conta com as guitarras de Slash (Guns N’Roses) e Tom Morello (Rage Against the Machine e Audioslave). A música que dá nome ao álbum tem, ainda, a participação de Elton John, e é a canção mais autobiográfica do disco, tratando da relação com o sucesso, com a música e com as drogas e excessos.
O cuidado com o polimento nas músicas em um disco produzido tão rapidamente e com tantos nomes de peso só poderiam vir de um ícone como Ozzy. Após o que o próprio cantor chamou de pior ano de sua vida, ele retornou para produzir um disco de qualidade. O músico inglês de 71 anos foi hospitalizado em fevereiro do ano passado com uma bronquite que poderia evoluir para pneumonia, o que poderia ser fatal. Mesmo voltando para casa ele permaneceu debilitado, tendo de cancelar toda a turnê. Em janeiro desse ano, em entrevista para a rede ABC dos EUA, Ozzy declarou que foi diagnosticado com doença de Parkinson e que luta contra a doença há anos.
Após um ano complicado como 2019 foi a música que o trouxe de volta, após ser chamado para participar de um disco do rapper Post Malone, o produtor Andrew Watt o convidou para a gravação de um disco novo, e a partir daí o trabalho começou a tomar forma.
O álbum abre com força em “Straight to Hell”, com um ótimo riff (talvez o melhor do disco) de Slash e uma letra dark. Outra canção essencial nesse álbum é a já citada música título, com participação de Elton John, uma balada que traz duas vozes icônicas da música mundial e uma letra que faz os fãs refletirem sobre os dois artistas e seus (longas) carreiras.
“Holy for Tonight” possui uma letra que retrata um Ozzy reflexivo sobre a reta final de sua vida, como no verso “What will I think of when I speak my final words” [O que vou pensar quando pronunciar minhas últimas palavras?]. “Under the Graveyard” é outra música melancólica mas com a bateria forte e um toque gótico, mas incomum para Osbourne. A música foi lançada como o primeiro single do álbum e teve uma boa recepção, tanto dos fãs quanto da crítica.
No geral, Ordinary Man é um ótimo disco de heavy metal, especialmente, quando se pensa que foi feito em um momento de tantos problemas de saúde de Ozzy, e que ele mesmo não fazia um disco solo há 10 anos. Fica clara a qualidade colocada na composição do disco, que tem não apenas letras e músicas muito bem acabadas, mas um conjunto que flui com sentido e harmonia, apesar de músicas muito diferentes entre si, que cruzam gêneros e mesmo diferem muito das composições do Ozzy Osbourne de outros tempos.
Ozzy Osbourne – “Ordinary Man” (2020)
1 – “Straight to Hell”
2 – “All My Life”
3 – “Goodbye”
4 – “Ordinary Man” (participação Elton John)
5 – “Under the Graveyard”
6 – “Eat Me”
7 – “Today Is the End”
8 – “Scary Little Green Men”
9 – “Holy for Tonight”
10 – “It’s a Raid” (participação Post Malone)
11 – “Take What You Want”