[Por Natasha Ramos]
A Adorável Clichê é aquele tipo de banda que você escuta e soa certa. Sabe? Mistura habilidosa de shoegaze, dreampop e post-rock, o som deles faz você sentir saudade de algo que você não viveu.
A banda, formada em 2013 em Blumenau, leva na bagagem o EP São tantos anos sem dizer, de 2015, e o disco de estreia O que existe dentro de mim, lançado em 2018, pelo selo independente catarinense Nuzzy Records. Este disco foi elogiado pelo site do jornalista Lúcio Ribeiro, o Popload, como “um dos discos mais interessantes da nova safra do indie nacional”.
Motivados pela vontade de fazer música, os amigos desde a época do ensino médio, Gabrielle Philippi (vocal e guitarra), Marlon Lopes da Silva (vocal e guitarra) e Diogo Leal (bateria), já tocavam em outras bandas e começaram a fazer “umas jams juntos”. Não demorou muito para que esses ensaios evoluíssem para uma ideia mais consolidada de banda. Gabriel Geisler (baixo) e Felipe Martins (Teclado) somaram ao time, e formou-se então a Adorável Clichê como a conhecemos hoje.
Apesar da dedicação exclusiva à música ainda ser um sonho, a Adorável Clichê segue construindo sua história. No próximo dia 16 de novembro, mais um capítulo será escrito: a banda toca no festival Saravá 2019, em Florianópolis, no mesmo dia da headliner Nação Zumbi. Eles também tocam, no dia 6 de dezembro, na noite shoegaze da SIM São Paulo (Semana Internacional de Música de São Paulo).
Neste bate-papo com o Palco, a Adorável Clichê fala sobre o seu álbum de estreia, suas influências, a cena independente de Santa Catarina, o show no Saravá, e o que eles estão escutando no repeat no Spotify (escute a playlist que criamos!).
Palco Alternativo: Como foi o processo de composição do disco de estreia, “O que existe dentro de mim” (2018)? O título do álbum indicaria um disco cujas composições seriam reflexo da vivência pessoal de vocês? Qual foi a intenção da banda com este disco?
Marlon, da Adorável Clichê: O processo de composição do OQEDDM foi muito íntimo, todas as músicas foram feitas durante ensaios da banda e gravadas e mixadas no meu quarto, da mesma forma que o STASD [São tantos anos sem dizer, EP de 2015]. A master [sic] ficou a cargo do Guilherme Chiappetta. É difícil definir uma intenção sonora para o álbum, foi tudo meio que surgindo ao mesmo tempo, sem um conceito formador que daria um norte ao projeto.
Acho que, ao fim, a direção [do disco O que existe dentro de mim] foi a de fazer um som com bastante ambiência e com timbres que remetessem a algo nostálgico.
Palco: Uma matéria do site Popload comparou vocês a “nova queridinha do indie mundial Snail Mail”. Vocês concordam com isso? Quando escutei o disco de estreia, bandas como Yuck e Explosions in the Sky me vieram à cabeça. São influências? Quais são outras fontes de inspiração (musicais ou não) da banda?
Marlon: Olha, eu particularmente não vejo muita relação com Snail Mail. Agora com as bandas que você citou sim, essas foram influências diretas para o nosso álbum. Para mim Yuck, Terno Rei, Raça, Explosions in the Sky, MBV e uma live do Tame Impala daquela session “Morning Becomes Ecletic” foram as maiores influências sonoras.
Palco: É comum ouvirmos falar de cena independente do Brasil, mas pouco se fala sobre a cena independente especificamente de Santa Catarina. Ela existe? Tem espaço para bandas de rock alternativo como a Adorável Clichê tocarem? Há casas de shows? Quais outras bandas dessa cena vocês destacariam?
Marlon: Tem uma cena que atualmente está enfraquecendo. Aqui, em Blumenau, praticamente só restou a gente em atividade ainda. Há bares que dão espaço sim como a Mansão Wayne, Don Pub, Ahoy, Cafundó. Em Floripa, tem o Taliesyn e o Brocave. Em Joinville, o Porão do Rock. Enfim, lugar tem, tá faltando é banda!
Da cena de SC, eu destacaria a [as bandas] Bomfim (Joinville), Wolken (Benedito Novo), Fevereiro da Silva (Jaraguá do Sul) e John Filme (Chapecó).
Palco: Quais os principais lugares onde vocês já tocaram? O que podemos esperar do show de vocês no festival Saravá?
Marlon: Olha, sempre tocamos em lugares pequenos, nada muito expressivo.
Não sei definir nosso show, sei dizer apenas que vai ser alto e tocaremos uma música nova.
Palco: Quais os planos para o futuro? Vocês já têm um segundo disco engatilhado?
Marlon: A gente não tem bem definido ainda o que vai acontecer. Estamos compondo material novo, mas ainda não sabemos em que formato lançaremos. A princípio, estávamos pensando em lançar singles porém nada confirmado.
O que escuta a Adorável Clichê
O Palco também perguntou para a banda quais as cinco músicas que não saem da playlist de favoritas deles. Cada integrante respondeu (leia abaixo) e criamos uma playlist no Spotify com O que escuta a Adorável Clichê para você ouvir todas as faixas num só lugar.
Marlon Lopes da Silva:
FKA twigs – Daybed
Charli XCX – Thoughts
DIIV – For the Guilty
Hovvdy – Pretend
Iglooghost – Clear Tamei
Gabrielle Philippi:
Girl in Red – I wanna be your girlfriend
Wallows – Only friend
Silversun Pickups – Lazy eye
Grimes – Kill V. Maim
Blur – MØ
Felipe Martins:
FM-84 – Running In The Night
Perturbator – Excess
Everything Everything – Night of The Long Knives
Twilight Sad – I/m Not Here [ Missing Face ]
Mötley Crüe – Take Me To The Top
Gabriel Geisler:
King Gizzard and the Lizzard Wizard – Big Fig Wasp
MF DOOM – Rapp Snitch Knishes
Truckfighters – Manhattan Project
Red Fang – Wires
Mastodon – Asleep In The Deep
Diogo Leal:
Los Hermanos – O velho e o moço
Fevereiro da Silva – Banda Larga
Pixies – Gouge Away
Arcade Fire – The Suburbs
Soda Caffe – O Astrounata em: “O Reencontro” *
*Essa é a única música que não está na playlist por motivos de “não encontramos no Spotify”.