A banda sorocabana Eugênio traz ambiências sonoras que percorrem MPB, algo de experimentação noise e eflúvios de Yo La Tengo
[Por Natasha Ramos]
Uma banda em que todos os integrantes tocam todos os instrumentos. Nos shows, eles variam as formações de acordo com a música que vão tocar. Esse é o Eugênio, trio nascido em 2017, em Sorocaba.
Apesar de nascida no interior de São Paulo, a Eugênio tem um pé lá no norte do Brasil. Isso porque um dos integrantes, Paulo Lins (guitarra, baixo, voz, samplers), é natural de Manaus, mas se mudou para Sorocaba a trabalho. Foi quando conheceu Sthé Caroline (guitarra, bateria, voz) e Murilo Shoji (bateria, baixo, voz, samplers, ukulele, trombone) que tocavam em outras bandas e resolveram formar a Eugênio nessas idas e vindas de ensaios.
A banda lançou recentemente o primeiro EP, intitulado Vol. 1: Como diria Eugênio: “Um pouquinho de nada”, de uma trilogia que trará temas como dor, perda e superação, e pode ser ouvido no Spotify. Os outros dois EPS, Vol. 2: Como diria Eugênio: “Longa história, breves fins” e Vol. 3: Como diria Eugênio: “enfim um espelho invisível, sou eu”, ainda estão por vir.
O Palco Alternativo trocou uma ideia com a banda para saber mais sobre eles. Confira!
Palco Alternativo: Por que “Eugênio”?
PAULO: Existem algumas versões, tem a história do barbeiro Eugênio que ia tirar um pouquinho de nada da minha barba e me deixou sem nada… mas tem a de verdade que é Eu-Gênio… nossos desejos são de nossa responsabilidade, ou seja, não existe a lâmpada, eu sou meu próprio gênio.
PA: Quais as referências de vocês (musicais ou não)?
SHOJI: Olha, essa sempre acaba sendo uma pergunta difícil porque nós três temos gostos muito diferentes. O Paulo eu sei que gosta muito de Radiohead e ele sempre acaba usando eles como referência. A Sthé sempre fala sobre Ventre e os MPB’s da vida, mas ela também tem muita influência do metalcore e do emo. Eu acabo sempre citando algo diferente toda vez que me perguntam. No momento talvez seja Bring Me The Horizon e Toe, mas falando num geral, Cartola é uma influência gigantesca.
PA: Como é o processo de composição das músicas?
SHOJI: Eu acho que é bem dinâmico. Um dos três envia uma ideia (letra, melodia ou até groove de bateria) pelo nosso grupo do Whatsapp e lapidamos isso nos ensaios. Geralmente rola um brainstorm de ideias e improvisações onde muitas coisas são adicionadas e/ou descartadas. Nada de muito peculiar, mas cada uma das músicas, mesmo que gravadas sempre acaba soando diferente de um show pro outro, a gente tem essa mania de ficar querendo improvisar que as vezes da certo e as vezes não (hahahah).
PA: Vocês tem um EP lançado com 5 músicas, chamado “Como Diria Eugenio: Um pouquinho de nada” Fale mais sobre essa trilogia, qual é a proposta?
PAULO: a ideia é mostrar nesta trilogia o ciclo de sentimentos: lançamos em janeiro o 1º EP da Trilogia, que se chama “Como diria Eugênio: “Um pouquinho de nada”.
Este primeiro trabalho foca em tratar a dor em todos os seus formatos, seja emocional, física, passional, cognitiva.
Ele é composto por 5 músicas que divagam sobre este tema, 2º EP que se chamará “Como diria Eugênio: Longa História, Breves Fins”, que trata do reconhecimento dessa dor e o conflito entre a aceitação e o plano de fuga, o 3º que se chamará “Como diria Eugênio: Enfim, um espelho invisível sou eu” trata da superação, seja ela com ou sem final feliz.
PA: O que é essa coisa de “pessoas, como espelhos invisíveis”, que aparece no site de vocês?
PAULO: É o simples fato de nos identificarmos nos outros. Refletimos nossos sentimentos, frustrações, no outro, nos vemos no nosso próximo… o dia em que entendermos que as pessoas são espelhos invisíveis, aprenderemos a cuidar melhor do outro, da comunidade.
PA: Onde vocês já tocaram?
SHOJI: Em Sorocaba, já passamos pelo Asteroid, Solana Records, Sound, Feira Beco do Inferno, Hangar 51, Pupa, Maloca e mais alguns. Fora daqui tocamos na rádio Interativa Web de Cerquilho, e em São Paulo tocamos algumas vezes no Baderna junto com o pessoal da Britônicos. Neste semestre, voltaremos pra lá e tocaremos no Breve junto com o pessoal do Bazar Pamplona e a Marisa Brito lá do Pará, além de outros eventos como parte da divulgação dos EPs da trilogia
PA: Quais os planos para o futuro?
PAULO: Além do lançamento dos EPs, já estamos negociando a participação em diversos festivais e eventos pelo Brasil. Temos o Coletivo Funâmbula, em Sorocaba, que promove eventos, divulga arte em geral, organiza tour de troca show. “Funambular” significa “dançar sobre a corda bamba” e é o que nós artistas fazemos todos os dias.