O festival que aconteceu no último domingo (23), em Austin, contou também com show da The Interrupters
Texto por Natasha Ramos / Fotos por Paula Nogueira
De Austin (TX)
Houve um tempo em que o Bad Religion era maior que o Rancid. Esse tempo passou. A banda de ska-punk, headliner do festival Scallywag!, que aconteceu neste domingo (23), em Austin (Texas), mostrou que depois de tantos anos, a banda liderada por Tim Armstrong movimenta mais seus fãs, do que a banda de Greg Graffin e cia.
Com um show de hits que vai desde “Time Bomb”, passando por “Ruby Soho” até “Root Radicals” e “Salvation”, a apresentação dos caras ainda teve espaço para as músicas “Ghost of a Chance” e “Telegraph Avenue” do mais recente disco Trouble Maker, de 2017.
Quem teve a oportunidade de assistir ao show deles, ano passado, no Lollapalooza de São Paulo, primeira vez dos caras no Brasil, e não se sentiu satisfeito por uma série de fatores, pôde lavar a alma neste show. O lineup do Scallywag! foi cuidadosamente selecionado com bandas punks que foram expoentes de uma geração. Isso fez da experiência de participar (e digo participar, porque em shows punks você não é um mero expectador, você participa: nas rodas, dando os moshes, cantando junto com o vocalista no microfone) do show de uma banda como a Rancid uma experiência muito mais roots e próxima.
Antes deles, subiu ao palco, a veterana Bad Religion, que 10 anos antes do Rancid já movimentava muita roda punk por aí. O vocalista cinquentão Greg Griffin e sua trupe entregaram um show satisfatório, com os hits que não poderiam faltar: “Sorrow”, “Recipe for Hate”, “21st Century Digital Boy” e “American Jesus”.
Num determinado momento do show, eles puxam a bandeira com o clássico símbolo da banda (a cruz vermelha) pendurada atrás do palco para mostrar uma outra bandeira com a capa de Suffer, terceiro disco deles, lançado em 1988. Seria o momento do show dedicado a este álbum que foi considerado por muito críticos como um dos principais álbuns de punk rock da história. Dentre os que foram inspirados pelo disco está Fat Mike, do NOFX, que se refere ao Suffer como “o álbum que mudou tudo”.
Pennywise de antes e de agora
Apesar de não terem lançado nada desde True North (2013), a Bad Religion ainda empolgou mais do que a banda que tocou antes deles, a Pennywise. Quem tem trinta anos ou mais, deve se lembrar da festa de 19 anos da rádio 89 FM, no Anhembi, em São Paulo, em 2004, na qual tocaram Bad Religion, Pennywise e a banda capixaba Dead Fish. Naquela apresentação, a banda liderada por Jim Lindberg estava a todo vapor.
Mas, no show de domingo, em Austin, os caras pareciam estar um tanto cansados, ou talvez um pouco insatisfeitos por não ter tanta gente na hora que eles estavam tocando. O público ainda estava aquecendo quando eles subiram ao palco. “Mexam seus traseiros preguiçosos”, o guitarrista disse uma determinada hora, para roda punk movimentar. Apesar de terem recém-lançado o disco Never Gonna Die (2018), do qual tocaram “Keep Moving On”, foram as clássicas “Fuck Authority”, “Society”, “Same Old Story” e o hino “Bro Hymn” que agitaram a roda. Rolou até um cover the “Fight for your right”, dos Beastie Boys.
Abrindo o festival, tocou a banda pupila da Rancid: The Interrupters. Liderada por Aimee Interrupter, a banda fez um show de 40 minutos e tocou principalmente músicas de seu terceiro e mais recente disco, Fight the Good Fight, que traz a famosa “She’s Kerosene” tocada bastante nas rádios estadunidenses. Mas, músicas como “Take Back the Power”, “Family” e “She got Arrested”, de seus discos anteriores, também rolaram no setlist.
Interessante notar que a vocalista tinha um papel mais introspectivo no show; quem conversava com o público eram os gêmeos Bivona: o guitarrista Kevin e o baixista Justin. Além deles, a banda também tem mais um Bivona, o baterista, Jesse. Os três irmãos conheceram Aimee, uma artista solo na época, em 2009, enquanto faziam turnê com a então banda deles, Telacasters, abrindo os shows da The Dirty Head e Sugar Ray.