O selo de música independente promoveu seu festival com mais de oito horas de duração e nove de suas bandas e artistas
[Por Cecília Queiroz]
No primeiro domingo de 2018, a tradicional casa de shows belo horizontina, Matriz, foi palco de mais de 8 horas de música no evento Réveillon da Geração Perdida, do selo musical independente que trouxe 9 shows de suas bandas e artistas. Intercalando entre os palcos apelidados de Boulevard (onde bandas completas se apresentavam) e o Sunset (voltado para shows solos e intimistas), o público pôde conferir de músicas inéditas até aquelas que todos já conheciam e cantaram juntos, criando um clima reconfortante até para aqueles que ouviam pela primeira vez.
A tarde começou com show do Wagner Almeida, jovem promissor que entrou recentemente no selo e tem deixado o público ansioso pelo seu primeiro álbum, seguindo para o show intimista do cantautor Pedro Flores. Depois, a banda de indie rock, Quase Coadjuvante, integrante da cena mineira desde 2009, apresentou um show potente, marcado por músicas antigas e algumas inéditas. O Grupo Porco de Grindcore Interpretativo fez uma apresentação como Porquinho, em show solo que teve direito até a cover de Pabllo Vittar.
O show em seguida foi um destaque nessa tarde, Fernando Motta dançou no palco e dividiu todas as dores de seu novo disco, Desde Que o Mundo É Cego, em um show intenso, daqueles que no final você fica feliz de ter saído de casa. Paola Rodrigues, apresentou seu projeto solo, Perdida, em clima de experimentações com lo-fi e spoken word, foi a única mulher a se apresentar no dia com show imersivo. A banda de anti-rock Aldan está na ativa a mais de dez anos e marcou com apresentação agressiva, mas sem deixar de ser bem-feita e significativa.
O prolífico artista Fábio de Carvalho realizou um show bonito e inspirador, sua presença de palco é potente, tocou música nova, fez todo mundo cantar com a nostálgica Paz Imensa e se arriscou tocando guitarra com um arco de violino, não importa quantos shows você assista, vai ter algo diferente, seja nas músicas ou no próprio Fábio. A nova banda de punk Desgraça fechou a noite com show denso, performático, envolvente, foi assistido em roda, no meio, o cantor Rodolfo Lima dançava e mexia com o público, que se jogou em mosh pits, e dividiu o microfone com os mais animados.
“Nós tudo junto e misturado, meus amigos. Agora e sempre. Amém”, trecho de SP (Pais Solteiros) da Lupe de Lupe, antiga banda do selo, continua um mantra em dias como esse, a diversão e bagunça são garantidas, mesmo com pouco dinheiro para a cerveja, chegamos e encontramos a atmosfera de pessoas unidas pela música e acima de tudo, pela música local e autoral.