Documentário conta um pouco da história da mais importante banda de rock do Brasil
[Por João Dias, de Los Angeles]
O Sepultura é, sem dúvida, a mais internacional das bandas brasileiras. Com um som sujo e agressivo desde os primórdios em 1984, quando dividiram um LP com o Overdose, até Machine Messiah, lançamento de 2017, existe uma fórmula certeira que mantém uma legião de fãs pelo mundo. E o documentário Sepultura Endurance traz um recorte de uma banda que apesar de perder pilares, continua resistindo e fazendo música com a mesma vontade de sempre.
O filme estreia no Brasil dia 14 de junho em uma sessão simultânea em salas de São Paulo (Metrô Santa Cruz e Eldorado), Rio de Janeiro (Botafogo e Downtown), Niterói, Santos, Belo Horizonte (Pátio Savassi), Curitiba (Mueller), Goiânia (Flamboyant), Recife, Salvador, Guarulhos, Porto Alegre (Barra Sul), Campinas, São José dos Campos (Colinas) e Brasília (Pier 21).
Que os caras começaram em 1984 no bairro de Santa Tereza, em Belo Horizonte, dividindo um LP com o Overdose e que já ganharam diversos discos de ouro pelo mundo afora, todo mundo sabe. E da treta com os Cavalera, também. Mas pouco se viu sobre o peso e a determinação em levar adiante uma das grandes bandas do metal mundial.
O boicote dos Cavalera ao filme é óbvio. Além de não participarem do documentário, proibiram judicialmente a execução de músicas completas. O diretor, Otavio Juliano, optou por manter a banda no vídeo e suprimiu o som das músicas proibidas. Protesto válido contra uma ação desnecessária. Por conta desse impasse existem poucas imagens de Max e Igor, criando, assim, a sensação de um certo vazio dentro do filme. A procura por fantasmas desde a saída dos Cavalera é um assunto que ainda rende muito, mas que a banda mostra já ter resolvido no som. E há muito tempo. Percebe-se no filme que já é um assunto passado, afinal foi em 1998 que lançaram o primeiro disco sem Max e 2006 Igor deixou a banda antes da turnê de Dante XXI. Depois disso, a banda passou por muitas outras mudanças e se manteve firme, oferecendo coerência estilística a cada álbum.
Documentário; sem atores
O realidade observada pelo indivíduo que opera a câmera rende cenas de uma naturalidade tocante. A vida sendo vivida naquele momento de co-presença, e câmera permitindo ao expectador um ponto de vista privilegiado das situacões cotidianas. No filme, a banda viaja em um ônibus, entre um show e outro, e baterista Jean Dollabela (que deixou a banda em 2011) se abre sobre a saudade que sente da família, expondo suas expectativas e frustrações. O lado não glamouroso da vida de rock star, a dor da distância na vida em turné. Clássicos dilemas de uma banda sendo banda e de pessoas sendo de carne e osso.
O filme ajuda contar a importância do som do Sepultura no cenário musical internacional. Os depoimentos de Lars Ulrich (Metallica), Phil Anselmo (Pantera, Down), David Ellefson (Megadeth) Scott Ian (Anthrax) e outras figuras do mundo da música, falando do primeiro contato com a banda, as influências, expressam bem o valor, importância e reconhecimento que o Sepultura conquistou nesses anos de estrada. O documentário serve também para descortinar e revelar as coisas como são, como Andreas explicando o porquê do título do disco ser Against. Uma história que mostra a persistência e a resistência dos caras com a música. Mas sem spoiler por aqui, o filme estréia em poucos dias.
Na entrevista coletiva, depois da Prémiere que aconteceu dia 21 de maio no The Regent Theather, em Los Angeles, uma pergunta soou em como que em consenso pelo público. Se esse filme seria o “Some Kind of Monster” do Sepultura, em referência ao documentário do Mettalica, lançado em 2004. A resposta não poderia ser melhor: “eles (o Mettalica) são melhores atores que nós”. E isso define bem o o que é o Sepultura. Uma banda com autenticidade e personalidade suficiente pra continuar fazer música sem ficar perdida no tempo.
Após o lançamento do filme no Brasil, a banda parte para a europa onde se apresenta em diversos países. Existe uma possibilidade de uma volta deles para os Estados Unidos, mas ao invés de Phoenix, no Arizona, eles buscariam ir para Los Angeles, na ensolarada Califórnia. Passo certo para uma banda com a consistência e a força do Sepultura.
Estreia de “Sepultura Endurence” no Brasil
Quando: 14 de junho
Onde: Bauru, Barueri, Belém, Belo Horizonte, Botucatu, Brasília, Campinas, Caete, Cotia, Cuiabá, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, Goiânia, Guarulhos, Jaboatão dos Guararapes, João Pessoa, Jundiaí, Londrina, Macapá, Maceió, Manaus, Maringá, Mossoró, Natal, Niterói, Palmas, Paulista, Pelotas, Porto Alegre, Recife, Ribeirão Preto, Rio de Janeiro, Rio Grande, Salvador, Santos, São Gonçalo, São José dos Campos, São José do Rio Preto, São Paulo, Sobral, Uberlândia e Vila Velha!
Quanto: cinetks.com.br/sepultura