O frontman do Libertines apresenta seu mais recente disco solo “Hamburg Demonstrations” em São Paulo
Texto por Natasha Ramos
Fotos por Anna Bogaciovas
Pete Doherty é uma das principais figuras do rock britânico do século XXI. Mais conhecido como um dos líderes do grupo The Libertines – banda que que tocou por aqui há pouco mais de seis meses no Popload Festival 2016 -, Pete também tem outros projetos, como o Babyshambles e sua carreira solo. E foi para divulgar seu segundo e recém lançado disco solo, o Hamburg Demonstrations, que Pete volta a São Paulo acompanhado da banda The Puta Madres para show no Cine Joia, na noite desta quarta-feira (24).
Na época em que o Libertines estava no auge, no começo dos anos 2000, Pete vivia estampando os tablóides ingleses com seus excessos com drogas. Esse comportamento descompromissado de Doherty e seus vícios teriam levado a uma série de conflitos com seu parceiro de banda Carl Barât, e, posteriormente, o fim dos Libertines em 2004.
Foi também com um comportamento aparentemente descompromissado que Pete subiu ao palco na noite de quarta, na capital paulista, contrastando a atitude carismática de Jack Jones, guitarrista da banda The Puta Madres que fez um show de “abertura” cheio de sorrisos com até declamação de poesia para o público.
A música “I Don’t Love Anyone (but You’re Not Just Anyone)”, do Hamburg Demonstrations (lançado em dezembro de 2016), abriu o show, e foi seguida de “Last of the English Roses”, de seu primeiro disco solo, Grace/Wastelands (2009), e “Waterloo”, do último disco dos Libertines, Anthems For Doomed Youth (2015).
Marcado para as 22h, Pete sobe ao palco às 22h22, com calças e casacos escuros, uma camisa estampada, suspensórios e chapéu. Já na primeira música, deixa o microfone cair, mas é recolhido rapidamente pelo roadie da banda, que estava atento e preparado para esse tipo de atitude do músico. Em outro momento, sem aviso, nem menção, Pete chuta o pedestal com microfone e tudo. Senta e até deita no palco mais de uma vez, tenta fumar no palco (no que o roadie corre para avisá-lo que não pode), esquece letra e inventa de tocar música que não parecia estar prevista no setlist – e a banda tenta acompanhar.
“Ele não está bem”, diz uma das fãs da plateia para sua amiga, com uma cara de tristeza. Outros fãs, simplesmente se irritam com o aparente descaso do músico, que não parecia estar entregando tudo que poderia naquela apresentação – diferente do Pete do show do Libertines, em São Paulo, em outubro passado.
Mas, a irritação meio que passava, quando ele tocava pérolas como “What Katie Did”, do segundo e maravilhoso disco homônimo de 2004 dos Libertines, e “Albion”, do primeiro e um dos melhores álbuns do Babyshambles, Down the Albion (2005).
Cerca de uma hora de show, Pete e banda deixam o palco, para voltarem 20 minutos depois, para impaciência do público. Toca mais algumas músicas no violão, entre elas, “What a Waster”, dos Libertines, mas é quando ele pega de volta a guitarra, joga no público um copo cheio com o que quer que estivesse bebendo, e manda os primeiros acordes de “Kilamanjaro” (2005) que a magia começa. Assim como em 2010, quando o Libertines se reuniu novamente, Pete retornou ao palco diferente, mais animado, o que voltou a empolgar os fãs.
“Fuck Forever”, o hino de uma geração, fecha com chave de ouro, com direito a cambalhota de Pete direto na plateia, que se acotovelou para celebrar junto com o músico esta que, talvez, tenha sido a música mais aguardada da noite. Ao voltar ao palco, essa troca entre músico e público fica clara. Como que retribuindo o “carinho com os dentes” de Pete, fãs jogam um copo cheio de alguma bebida não identificável no palco, onde sobem, abraçam Pete e cantam com ele, numa espécie de catarse coletiva.
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