13 anos depois, a banda retorna à capital carioca com baterista de luxo e show que foi uma verdadeira celebração da “família Suicidal”
Texto e fotos por Maurício Porão, do Rio de Janeiro
Os ícones do hardcore californiano, Suicidal Tendencies, retornaram à casa de shows ImperCelebração ator, no Méier, subúrbio do Rio, para divulgação de seu álbum de 2016, World Gone Mad. Liderada pelo vocalista Mike Muir, a banda conta, em sua atual formação, com nada menos que Dave Lombardo, eterno ex-Slayer, que também participou das gravações de World Gone Mad e vem servindo como “detalhe especialíssimo” da tour, devido ao seu inquestionável apuro técnico e a toda dinâmica de palco de sua honrosa presença.
Há quase exatos 13 anos, em agosto de 1994, Mike Muir e sua banda apresentavam-se ali, naquele mesmo Imperator, como banda de abertura de um Slayer imbatível de então (no ápice de sua trajetória e, à época, com o baterista Paul Bostaph que substituíra Lombardo no álbum Divine Intervention).
A década é outra, a cidade, em véspera de greve nacional num país em sórdida crise, continua absurdamente contraditória e nebulosa; a banda principal da noite chuvosa desta quinta (27) dessa vez foi o Suicidal, que além de Lombardo contou com os guitarristas Dean Pleasants (o mais antigo na banda depois de Muir) e Jeff Pogan e o virtuoso baixista chileno Ra Diaz. Formação afinadíssima e bacana que gravou o World Gone Mad, mas que executou clássicos distribuídos pela extensa discografia da banda (são dez discos oficias de estúdio, um EP e diversas compilações e regravações) para um público composto, em parcela considerável, por velhos “tiozões roqueiros” (é o caso desse repórter fotográfico que escreve).
“Possessed to Skate”, “I SawYourMommy “, “War InsideMy Head” dentre várias tão bem cotadas e nostálgicas (saudades dos anos 80/90) alegraram a festa da “família Suicidal” num set longo onde couberam apenas duas novatas: “Clap Like Ozzy” e “Get You Fight On!”.
Na apresentação, imperou a característica destreza musical do Suicidal, que sempre contou com excelentes músicos em suas diversas formações (já ouviram falar de Robert Trujillo?) e que facilmente pôde “esticar” algumas faixas de acordo com os dotes e os groovies que melhor iam se encaixando; os holofotes, obviamente, estavam voltadom para Lombardo em 90% do show que poderia facilmente ser encarado como uma grande festa com direito a sequenciais subidas do público ao palco (estimulados pelo próprio Muir). Na derradeira investida da multidão durante o bis (isso mesmo, uma multidão no palco com total consentimento do Suicidal), mais precisamente em “Pledge Your Allegiance”, a “coisa” bagunçou de vez e nem foi possível realizar mais uma de World Gone Mad prevista no setlist dos caras (pelas informações, seria “ “Living For Life”).
Bom, foi um dia de festa certo? E a “família Suicidal” , banda e público, fez o que há de melhor a ser feito em nossa conturbada retórica nacional: celebrar a vida entre amigos com muito punk hardcore e thrash metal como se fossem os últimos dias de nossas vidas!