Além do músico sueco-turco, o Praia Futuro reúne ainda Kalil e Catatau, do Cidadão Instigado, e Dengue, do Nação Zumbi, num som que combina rock e a rica cultura musical nativa do nordeste
[Por Natasha Ramos]
Os “unigrudis” eram os hippies e os esquisitos de Recife, São Luiz e Fortaleza que adotaram um estilo de vida e de criação artística relaxados, despreocupados, e que amavam combinar diferentes elementos no seu caldeirão cultural. Esta é a origem de Praia Futuro.
O músico e compositor sueco-turco, Ilhan Ersahin, fundador do icônico clube e selo independente novaiorquino Nublu e apreciador da música brasileira, uniu forças com alguns dos principais expoentes da moderna música nordestina. Do Cidadão Instigado vieram o baterista e produtor Yury Kalil e o guitarrista Fernando Catatau, um dos músicos mais requisitados do país. Da lendária Nação Zumbi, foi escalado o baixista Dengue para completar o time.
Dengue (baixo), Catatau (guitarra), Ilhan (sax e teclados) e Kalil (bateria) se reuniram no estúdio Totem (Fortaleza) para compor e gravar “Praia Futuro” em apenas dois dias. O quarteto explora sonoridades antigas e futuristas nas oito faixas inspiradas numa combinação do rock setentista com ritmos e timbres tradicionais da cultura nordestina.
Em entrevista ao Palco Alternativo, Ilhan Ersahin fala mais sobre a proposta do projeto, como entrou em contato com a música brasileira, como conheceu os outros músicos e o futuro do projeto. Confira!
Palco Alternativo: Qual pode-se dizer é a proposta deste projeto?
Ilhan Ersahin: Esta música e esta banda é realmente uma conversa entre quatro amigos que se gostam e se respeitam como músicos. Essa foi a ideia desde o começo. Nós nos encontramos muitas vezes e passamos um tempo juntos, conversamos, nos ouvimos e aí, basicamente, decidimos “hey, vamos para um estúdio, tocar um som e gravar isso. Não havia uma proposta muito além disso. A ideia era apenas que nós tocássemos como nós somos. Sem tentar soar como um certo estilo musical ou um estilo de um certo período musical, etc. Apenas entrar num estúdio, improvisar, depois sentar e ouvir e escolher as ideias mais fortes e legais e construir umas músicas.
Palco: Como você entrou em contato com a música brasileira?
I. E.: Bem, eu venho para o Brasil já faz um bom tempo. E eu sigo e coleciono vinis de música brasileira por algum tempo. No meu clube, em Nova York, nós sempre temos ótimas noites dedicadas à música brasileira. Então, sim, eu meio que sei sobre nova e antiga música brasileira, claro que não tudo, mas eu estou em contato, com certeza, e eu realmente me interesso pelo que está rolando no Brasil.
Palco: Como você conheceu o Kalil, Dengue e Catatau? Já conhecia as bandas das quais eles fazem parte?
I. E.: Eu não me lembro realmente. Kalil, eu conheci quando eu estava morando em São Paulo e havia o estúdio dele aí. Eu acho que o conheci neste estúdio, quando nós gravamos a música “6 minutos”, do Otto. Eu compus essa música com o Otto e nós a gravamos no estúdio do Kalil. Depois disso, nós nos tornamos amigos e eu gravei algumas coisas lá também.
O Catatau eu acredito que conheci através do Kalil, apenas escutando ele em várias situações e saindo com eles, basicamente. Eu conheço a Nação Zumbi desde algum tempo, e o Nublu Records lançou o “3 na Massa”, que é um projeto que o Dengue faz parte. Então, nós nos conhecemos há alguns anos. Eu também toquei com o Otto de tempos em tempos e Catatau costumava tocar nessa banda também. Então, nós todos tocamos juntos primeiramente lá.
Palco: O disco Praia Futuro é “assinado” com o nome dos quatro integrantes. Vocês pensam em levar adiante a banda ou este foi apenas um projeto pontual?
I. E.: Sim, nós formamos uma banda para este projeto. A questão é com qual frequência nós vamos fazer shows, de fato. Nós não sabemos isso ainda, mas claro que somos uma banda, e já estamos conversando sobre quando iremos gravar o segundo disco.