Por Natasha Ramos
Alaska Thunderfuck faz parte da leva de drags queens, cujos atributos vão além das habilidades de dublagem sincronizada. Além de drag performer e cantora, ela é mundialmente conhecida por ter sido uma das finalistas da quinta edição do reality show RuPaul’s Drag Race.
Na última quinta-feira (24), ela apresentou na festa Priscilla, realizada no clube The Week, em São Paulo, o show da turnê de seu disco Anus (2015). A festa, que começou com a apresentação de diversas drag queens brasileiras, como a veterana Silvete Montila, ganhou ares de concerto de rock, quando Alaska subiu ao Palco. Acompanhada por uma banda completa e muito competente (ela inova ao trazer o primeiro show de drag queen acompanhada por uma banda ao Brasil) surpreendeu com um show que não deixa nada a desejar a muitas bandas do circuito alternativo.
O début Anus foi tocado de cabo a rabo (perdoe a piadinha infame). As canções que soam dance quando ouvidas num stereo, ao vivo ganharam novas nuances, soando muito mais punk do que outrora.
Ela abre a apresentação com a faixa “Hieeee”, saudação que foi sua marca registrada durante sua participação no RuPaul’s. Depois vieram “Pussy”, “This is my Hair”, “Legendary”, “Gimme all your Money” e todas as outras do disco. Até cover de “Cherry Bomb”, da The Runaways, teve. Em “Nails”, ela desconstroi sua própria letra ao tirar suas unhas e dar para a plateia. Após uma breve saída do Palco, gritos incessantes de “mais um” de uma pista e camarotes lotados trouxeram Alaska e banda de volta para tocar a derradeira “Your makeup is terrible”, para deleite dos presentes.
Fazia tempo que as drag-queens não eram tão faladas e apreciadas pelo público em geral como depois que a série americana RuPaul’s Drag Race começou a ser transmitida em 2009, pelo canal Logo e, depois, disponibilizado no Netflix, o que atingiu um público ainda maior. Talvez, desde a época de “Priscila, a Rainha do Deserto” isso não acontecia.
Anus
O disco de estreia de Alaska é recheado com músicas dance e elementos eletrônicos, que fazem referências a bordões ditos durante o RuPaul’s Drag Race, como sua música de trabalho “Your Makeup is Terrible”. O nome do disco, inclusive, é uma referência a um dos desafios realizados durante o programa, o snatch game, no qual ela interpretou uma outra drag queen famosa nos Estados Unidos, Lady Bunny, que começou a carreira em Nova York, junto com a RuPaul, na década de 1980. O álbum também traz parceria de Alaska com outras competidoras do reality show: Willam, da quarta temporada, e Courtney Act e Laganja Estranja, da sexta temporada.
Haus of Haunt
Antes de ser mundialmente conhecida como Alaska, finalista do programa RuPauls’s Drag Race, Justin Honard tinha uma banda punk chamada Haus of Haunt que formou com seu namorado na época, a drag Sharon Needles, (também participante do reality show e ganhadora da quarta temporada). Mais tarde, a Haus of Haunt evoluiu para uma trupe drag que tocava no bar Blue Moon, em Pittsburgh, Pennsylvania.
“Importadores de drag”
A festa Priscilla, comandada por Sérgio Oliveira e Leonardo Polo, que se autointitulam como “importadores de drags”, levou mais de 20 mil pessoas para a pista, em 2015 – em sua maioria, fãs do reality RuPaul’s Drag Race.
Em abril deste ano, Latrice Royale e Manilla Luzon voltam ao palco da Blue Space, em São Paulo, pela segunda vez (a primeira foi em 2015). Em julho, será a vez de Adore Delano, que também virá com show completo na The Week, trazendo o repertório de seu segundo álbum “After Party”.