Viajando para o sul dos EUA com O Bardo e O Banjo

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Por Magdalena Bertola

Misturando elementos do folk, música tradicional irlandesa, country e, principalmente, do bluegrass americano, O Bardo e o Banjo começou suas atividades em 2012 como uma “banda-de-um-homem-só”, projeto de Wagner Creoruska Junior. O músico se apresentava nas ruas de São Paulo e foi em uma dessas apresentações que ele conheceu o violinista Antonio de Souza, quando fizeram um som juntos, sem ensaios e sem se conhecerem anteriormente. Depois, mais dois elementos foram adicionados à química e formaram o que hoje a banda é. São eles Marcus Zambelo (mandolin, vocais e sapateado) e Maurício Pilcsuk (baixo e vocais).

Tendo se apresentado em diversos festivais pelo Brasil, conheci o grupo na Avenida Paulista, enquanto faziam parte do Samsung Best of Blues 2015. Ali, em frente à uma drogaria, cansada e só querendo saber da minha casa, mudei imediatamente de ideia quando fui enfeitiçada por um som que eu só havia ouvido similar nas ruas do Temple Bar, em Dublin.

Rodeados por curiosos e diversos celulares – eu mesma empunhei o meu e gravei dois vídeos -, a banda apresentou com maestria músicas dançantes totalmente diferentes das ouvidas na maioria dos lugares de São Paulo e, quiçá, do Brasil. A vontade que dava era de atarracar-se em um par e ficar girando ao som dos caras, ou simplesmente bater o pé no chão enquanto engolia uma cerveja gelada.

Me interessei pelo som dos caras e continuei acompanhando a banda até que, recentemente, assisti ao show deles no Cardeal Pub, na famigerada rua Cardeal Arcoverde, em São Paulo.

Em um espaço pequeno, com paredes de tijolinho e micro pista cheia, a banda se apresentou e tocou, além de covers, músicas próprias. Já nesse show era possível ver o novo violinista da banda, Peter Harris, que entrou no lugar de Antonio, que precisou sair da banda por conta de problemas pessoais. Harris é um norte-americano que mora no Brasil há algum tempo e se encaixou perfeitamente na banda. “Logo nos primeiros testes já gostamos bastante do estilo dele e casou super bem, afinal, ele tem um pouco do sangue Bluegrass”, conta Creoruska.

Nos seus três anos de existência, o grupo lançou dois singles, Synergy (2013), primeiro registro em estúdio, que contava com duas músicas autorais e três tradicionais de bluegrass, e o Lakeside (2014), que contém quatro músicas autorais. Logo, foi gravado um bootleg, entitulado Folk’n’Roll, com covers de bandas como Black Sabbath e Motorhead, mas sempre com a roupagem clássica da banda. Ainda em 2014, eles lançaram seu primeiro disco, somente com músicas autorais, entitulado Homepath.

Até nos clipes da banda dá para perceber que eles não vieram para brincadeira. Munidos de botas, chapéus e até efeitos que deixam os vídeos com cara de antigos, os caras realmente trazem para os ouvidos a impressão de que a alma deles não veio daqui.

O Palco conversou com o vocalista – e Bardo original – Walter, para conhecer mais sobre a trajetória e futuro da banda, que até já fez parte do “Cenas Urbanas”, podcast em vídeo do canal pago TLC. A frase final do programa, “Folk e bluegrass em qualquer hora e qualquer lugar”, traduz bem o que a banda é. Rusticidade, música de qualidade e diversão são marcas do som d’O Bardo.

Saiba mais sobre a participação da banda no festival LollaPalooza, a origem do nome e as inspirações para as letras lendo a entrevista a seguir:

Palco Alternativo: Como se deu a escolha do nome O Bardo e o Banjo?

Walter Creoruska: O Bardo e o Banjo era meu projeto “solo” então chamava o Bardo pela ideia do trovador da idade média que viajava de cidade em cidade e sempre apresentava novas culturas, musicas e costumes por onde passava. O banjo por ser um icone da musica tradicional norte-americana que é a cultura que divulgo e toco através da minha música.

PA: As músicas de vocês têm um bocado de influência da música do sul dos Estados Unidos, correto? Poderiam falar mais sobre as influências musicais ou não da banda?

W.C.: Sim, exatamente dessa cultura. O bluegrass é um estilo tipicamente americano, sulista, é a musica caipira dos EUA. As influências vão desde os grandes nomes desse estilo como: Bill Monroe, Greensky Bluegrass, Gibson Brothers, até a galera mais do country como Johnny Cash, Hank Willians, e também o southern rock do Lynyrd Skynyrd, The Allman Brothers.

PA: Sobre o que são as músicas d’O Bardo e o Banjo? Qual é a fonte de inspiração para escrever as letras?

W.C.: O cotidiano, “Lakeside” por exemplo fala de uma tarde com os amigos, na beira de um lago no interior, tomando algumas cervejas. Já “You Need Some Hope” é uma mensagem para as pessoas serem mais positivas, escrevi pensando em minha esposa, mas a mensagem é bem global. Têm uma letra que minha esposa escreveu, a da música “Stepping on the Brake”, fala sobre eu daqui uns 30 anos sentado em uma varanda, tocando banjo e lembrando as coisas que fiz no passado.

PA: Há algum fato marcante ou curioso ao longo da carreira da banda?

W.C.: Acho que uma das coisas mais legais que fizemos foi sair em turnê sem ter nenhum show marcado, fomos pra alguns lugares como Curitiba e Parati, tocávamos pelas ruas e fechávamos shows em bares do dia pra noite. Esse lance de estar na estrada, livre de tudo e fazendo o que vocês gosta marca bastante.

PA: Quais os principais locais onde vocês já tocaram?

W.C.: Já tocamos nos melhores bares e pubs de SP, no Lollapalooza, no Festival Psicodália, em varios Sesc’s, outros festivais de blues e folk.

PA: Como foi tocar no LollaPalooza?

W.C.: Divertido e diferente, o coração bateu mais forte quando subimos no palco e vimos aquele mundo de gente. A sensação é de vocês esta no caminho certo, felicidade, emoção, é algo incrível. Principalmente para uma banda que começou tocando na saída do metro Consolação.

PA: Vocês tem previsão de quando lançarão o próximo disco? Podem adiantar algo a respeito?

W.C.: Estamos planejando o próximo disco para o começo de 2016! Dentro dos próximos meses vamos lançar o primeiro single: “You’re Alive”, e mostra uma banda bem mais madura, composições mais elaboradas, esta sendo demais produzir esse novo material e estamos muito ansiosos para lançá-lo!

PA: Quais os planos para o futuro?

W.C.: Estamos planejando e viabilizando a primeira turnê internacional, ao mesmo tempo estamos produzindo o disco novo. Temos bastante trabalho pela frente pra chegar onde queremos, e às vezes parece que não sabemos ao certo onde é este lugar, a única coisa certa é que amamos o que fazemos, seja tocar na rua, na praia ou no Lollapallooza, e queremos continuar nos divertindo muito como sempre! ::

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