Já ouviu o quarteto Savages, uma viagem visceral de volta ao post-punk? O grupo é atração do Lollapalooza 2014
[Por Andréia Martins]
Quem: O Savages é Jehnny Beth (vocais), Ayse Hassan (baixo), Fay Milton (bateria) e Gemma Thompson (guitarra).
De onde vem: Londres. Apenas Beth não é inglesa, tendo nascido na França. O solo britânico é pioneiro na produção do pos-punk no final da década de 1979
Quem vai gostar: Ouvintes de Public Image Ltd, Joy Division, Siouxsie and the Banshees, Blondie, Bauhaus, Gang of Four, The Hives.
O que já fizeram: Tudo aconteceu bem rápido para as garotas. Fizeram um show no começo de 2012, em Londres, e chamaram atenção do público. Lançaram duas faixas, “Flying to Berlim” e “Husbands”. Depois veio o primeiro disco, Silence Yourself (2013).
Curiosidades: O Savages ainda está aprendendo a ser uma banda de “verdade”. As meninas gostam de dar entrevistas separadas, assinaram com gravadoras diferentes, ainda não sabem lidar direito com o assédio dos jornalistas, o que já ajuda a criar um conceito sobre o Savages. As meninas foram convidadas no início de 2013 para tocarem na boate Silencio, em Paris, que tem como dono ninguém menos do que David Lynch. A banda tem o mesmo empresário do Sigur Ros.
Por que ouvir: No Savages, nada é apenas música. Há fúria, no melhor sentido que a palavra pode ter quando falamos de uma expressão artística. A delicadeza dos traços de Jehnny Beth logo dão lugar a uma performance visceral da líder do quarteto.
Boa parte dos vídeos produzidos por elas é em preto e branco, elas costumam se vestir bastante de preto e branco, então a gente já nem associa o Savages a outra cor, o que ajuda a entrar no clima pos-punk. Além disso, trata-se de um grupo de garotas fazendo um som na contramão das principais bandas alternativas – ou independentes – um som que resgata não só o visual e sonoridade dos anos 1980, mas a atitude, a personalidade.
Exatamente para valorizar a música alguns shows da banda trazem recados como “Silenciem os seus telefones”. Um pedido ao público para que não veja o show pela lente dos aparatos tecnológicos e possa aproveitar ao máximo a experiência.
Sobre o disco de estreia, o Manifesto #2 se encarrega de convencer o ouvinte mais curioso:
“SAVAGES não está tentando lhe dar algo que você já não tenha, mas está chamando dentro de você algo que está enterrado há séculos, é uma tentativa de revelar e conectar o seu físico e emocional e lhe oferecer uma forma de experimentar a sua vida de modo diferente, sua namorada, seus maridos, seus empregos, sua vida erótica e o lugar que a música ocupa em sua vida. Porque nós devemos ensinar aos outros novas formas de manipulações positivas; a música e as palavras estão ansiosas para atacar como um relâmpago, como um soco na cara, como uma determinação para compreender a vontade e os desejos de cada um. Este disco é para ser ouvido em alto e bom som”.
Comece ouvindo: “Husbands”, o primeiro single da banda mesmo antes de ter um disco pronto. A cara do Savages está ali, nos vocais ora agudos ora sussurrentos de Jehn, o baixo alto acompanhando exatamente cada batida da bateria marcando a hora em que Gemma destila seus riffs e distorções.