O clássico cult estrelado por David Bowie em cópia restaurada nas telonas
Relembre outras atuações marcantes de Bowie
[Por Rafael Gushiken]
Muitas programações culturais da cidade planejam estar relacionadas ao David Bowie, justamente pela vinda a São Paulo da mostra organizada pelo museu londrino Victoria & Albert sobre a carreira artística do cantor, atualmente no MIS (Museu da Imagem e do Som).
A Espaço Filmes (conglomerado de cinemas que inclui as salas do Espaço Itaú), por exemplo, está promovendo, desde o dia 24 de janeiro, a volta da exibição nas telonas da cópia restaurada em formato digital de “Fome de Viver” (The Hunger, 1983), estrelado, claro, pelo cantor camaleônico e as atrizes Catherine Deneuve e Susan Saradon. Foi o primeiro longa-metragem do diretor Tony Scott, que ficaria famoso mais tarde com “Top Gun – Ases Indomáveis” (1986).
“Fome de Viver” não foi muito bem recepcionado pela crítica quando lançado, mas se tornou um clássico cult dos anos 80 por retratar a atmosfera dark que estava no auge na música e na moda da época, tanto que o filme contou com a participação da banda que representava bem esse estilo, os britânicos do Bauhaus cujo vocalista Peter Murphy faz uma performance na abertura do filme ao som do hino da banda, “Bela Lugosi’s Dead”.
Muito antes da febre de “Crepúsculo”, o filme já abordava a temática de vampiros, mas Tony Scott não quis retratar os seus personagens com esse estereótipo caricato, e sim, resolveu caracterizá-los como seres de vanguardas, sensuais e neogóticos, na tentativa de se reinventar e se diferenciar também de outros filmes bem conhecidos desse gênero, como o clássico alemão “Nosferatu” (1922).
Catherine Deneuve interpreta a vampira Miriam Blaylock que vive por vários séculos e decidiu se estabelecer em Manhattan, na cidade de Nova Iorque. Ela possui uma beleza imortal e o incontível desejo por sangue humano. Assim, é também o seu companheiro inseparável, o refinado John, interpretado por Bowie, que começa a sentir os efeitos do avanço da idade, e desesperadamente em busca de uma ajuda, irá recorrer a uma especialista em geriatria, Sarah Roberts, interpretada por Susan Sarandon. Miriam visualiza a própria doutora como uma provável substituta para o seu grande amor, pois ela ainda tem fome de viver…
O filme será exibido nas redes Cinespaço e Espaço Itaú de Cinema em 5 cidade: Porto Alegre, Curitiba, Rio de Janeiro, Brasília e Florianópolis.
Relembre os outros filmes com David Bowie
“O Homem que Caiu na Terra”
(The Man Who Fell to Earth, de Nicolas Roeg, 1976, EUA e Inglaterra)
Foi o primeiro papel principal do cantor em um filme de grande repercussão, obtendo muitos elogios pela sua atuação. O longa é uma adaptação do romance de mesmo nome escrito por Walter Tevis, no qual Bowie interpreta o personagem Thomas Jerome Newton, um alienígena de um planeta moribundo.
“Histórias de Gigolô”
(Just a Gigolo, de David Hemmings, 1979, Alemanha)
Segundo filme como protagonista, Bowie interpreta Paul von Pryzgodski, um oficial prussiano que retorna à cidade de Berlim após a Primeira Guerra Mundial, e não conseguindo um emprego, aceita o convite de trabalhar como um gigolô no estábulo de uma Baronesa, interpretada pela Marlene Dietrich. O cantor teve o privilégio de contracenar no último filme da lendária e icônica atriz alemã.
“Eu, Christiane F., 13 Anos, Drogada e Prostituída”
(Christiane F. – Wir Kinder vom Bahnhof Zoo, de Ulrich Edel, 1981, Alemanha)
Nesse filme ele faz uma aparição, que consistiu uma parte de seu show realizado na Alemanha, interpretando a música “Station to Station”. O polêmico filme também ficou marcado pela sua trilha sonora que continha algumas músicas dos álbuns da “Trilogia de Berlim”, como a clássica “Heroes”.
“Furyo, Em Nome da Honra”
(Furyo, de Nagisa Oshima, 1983, Japão e Inglaterra)
Bowie contracena com um outro cantor, o japonês Ryuichi Sakamoto. O filme é baseado no livro “The Seed and The Sower” de Laurens van der Post, do qual retrata as suas vivências como prisioneiro de guerra em um campo de internamento japonês, durante a Segunda Guerra Mundial.
“Absolute Beginners”
(Absolute Beginners, de Julien Temple, 1986, Inglaterra)
Musical de rock baseado no romance de Colin Maclnnes, que retrata a vida londrina nos anos 50. O filme não fez sucesso e Bowie fez uma atuação considerada muito inferior aos outros trabalhos que já realizara no cinema. Porém a música de mesmo título do filme, composta por ele para a trilha sonora, estourou nas paradas de sucesso.
“Labirinto – A magia do tempo”
(Labyrinth, de Jim Henson, 1986, EUA e Inglaterra)
Filme dos gêneros aventura e fantasia, voltado um pouco ao público infantil, trazia Bowie em um irreverente personagem que marcaria na sua carreira cinematográfica, o andrógino e vilão Jareth. Ele contracena com Jennifer Connelly que estreava em seu primeiro filme aos 13 anos de idade. A trilha sonora composta pelo cantor, trouxe hits inesquecíveis, como “Underground” e a baladinha “As The World Falls Down”.
“Twin Peaks: Os Últimos Dias de Laura Palmer”
(Twin Peaks: Fire Walk with Me, de David Lynch, 1992, EUA e França)
Uma rápida aparição como um misterioso agente do FBI, Phillip Jeffries, no qual contracenou com o protagonista, o agente Cooper, interpretado por Kyle MacLachlan e também com o próprio David Lynch, interpretando o superintendente Gordon Cole.
“Basquiat – Traços de Uma Vida”
(Basquiat, de Julian Schnabel, 1996, EUA)
No filme da biografia do artista grafiteiro Jean-Michel Basquiat, Bowie interpreta Andy Warhol, mostrando uma caracterização do personagem muito idêntica ao criador da Pop Art.