Banda Luneta Mágica toca um rock alternativo, ora melancólico ora dançante com pegada eletrônica, de primeira
[Por Natasha Ramos]
Inspirados no livro “Luneta Mágica” (1869), de Joaquim Manuel de Macedo, a banda manauense formada por Diego Gonçalves de Souza (baixo, sampler, vocais), Pablo Henrique Araújo (vocais e guitarra), Erick Omena (guitarra e vocais) e Eron Oliveira (bateria), assim como o personagem do romance do escritor brasileiro, está em busca de desafios e de fazer algo diferente de sua realidade.
Com uma sonoridade incomum para o seu meio, o fato de a Luneta Mágica, ser uma banda autoral também contrapõe o senso comum da região. “A cena de Manaus, hoje, está em expansão e muitas bandas novas e interessantes estão surgindo, mas nem sempre foi assim. Sempre houve um estigma de que banda autoral não tinha espaço na cidade. Os tributos e covers reinavam, então a própria ideia de criar uma banda autoral de forma profissional nunca foi levada à sério por ninguém. Quisemos nos contrapor a isso. Engolimos muito sapo, mas o amor pela música sempre falou mais alto”, explica Diego.
Com pouco mais de dois anos de estrada, a banda leva na bagagem um disco de estreia e uma turnê pelo Brasil, realizada em abril deste ano. “Foi sensacional encontrar pessoas no outro canto do Brasil que conheciam, curtiam e cantavam todas as nossas músicas nos shows. Também conhecer lugares novos, passar madrugadas conversando com gente legal e no final das contas ainda ganhar um troquinho”, comenta.
Saiba mais sobre a Luneta Mágica na entrevista a seguir!
Palco Alternativo: Vocês são todos de Manaus?
Luneta Mágica: Com a exceção do Pablo, que é nordestino de Recife, somos todos manauaras caboquinhos da terra, mesmo. Aliás, o espírito da Manaus urbana está muito presente na identidade da banda. Várias referências à cidade estão presentes no disco. A música “Largo São Sebastião”, por exemplo, fala de uma praça histórica no centro, na qual os músicos e artistas em geral costumam se reunir pra trocar ideias.
PA: A banda nasceu em 2008, certo? O que os motivou a formar a banda?
LM: A Luneta Mágica existe desde 2008, mas foi só em 2011, depois de várias formações, pausas e retornos, que a banda gravou sua primeira demo e resolveu botar a cara a tapa. A banda surgiu da vontade de fazermos música diferente e interessante na cidade de Manaus. Algo que a gente gostasse de ouvir!
PA: Quais são as influências da banda?
LM: Somos uma banda muito eclética. Gostamos de (quase) tudo e tentamos incorporar na nossa música tudo que a gente acha legal, independente de qual for a influência. Acho que é uma mentalidade meio Beatles de ser. Citando nomes, adoramos Caetano Veloso, Roberto Carlos, Jorge Ben, Novos Baianos… Fora do Brasil, Beatles (é claro), Kinks, Beach Boys, Motown, Neil Young, Velvet Underground, Kraftwerk, Talking Heads etc, etc. Mas se estiver tocando uma música legal da Miley Cirus no rádio a gente ouve também.
PA: Vocês lançaram o álbum de estréia, intitulado “Amanhã vai ser o melhor dia da sua vida”, em agosto de 2012, certo? Fale sobre esse trabalho.
LM: Foi um trabalho feito de forma meio despretensiosa. Tínhamos várias composições na gaveta e quisemos gravar pra ficar eternizado mesmo. Não entendíamos nada de gravação e produção, piramos muito no estúdio. Olhando pra trás agora, não faríamos várias coisas que fizemos, mas a experiência valeu muito.
Lançamos em agosto de 2012, de forma totalmente independente e gratuita na internet, através da Invern Records, que é o selo do qual a gente faz parte. Todas as composições e letras são creditadas aos membros da banda à época da gravação: Diego Souza, Chico Só e Pablo Henrique Araújo. Cada um chegava com uma ideia própria, mas todo mundo metia um pouco a mão e acabava saindo algo completamente diferente no final.
PA: Vocês tem previsão de quando lançarão o segundo disco? Podem adiantar algo a respeito?
LM: Já estamos trabalhando na pré-produção do segundo disco. O corpo do disco já está basicamente definido, estamos definindo arranjos e polindo as músicas para, no início de 2014, entrarmos em estúdio e gravar de forma bem ágil.
O que podemos adiantar é que vai ser gravado de forma independente de novo e vai ser produzido pelo baixista da banda, Diego Gonçalves de Souza. Será um trabalho mais conciso e experiente. Outra característica que deve prevalecer é o fato de que vai ser um disco com mais cara de ”banda”, enquanto o nosso primeiro disco era mais eletrônico. Mas isso não significa, claro, que vamos ficar mais convencionais. A onda é a mesma.
PA: Quais os principais lugares onde vocês já tocaram?
LM: Simbolicamente, os lugares mais legais que já tocamos foram o Teatro Amazonas, em Manaus, e o Studio SP, em São Paulo. O primeiro porque é um marco do Amazonas e de Manaus. Tocar lá fez a gente se sentir verdadeiramente parte da cultura amazonense. E o segundo porque foi um símbolo da nova música brasileira. Artistas que admiramos muito tocavam regularmente lá. O nosso show no Studio SP foi um dos últimos da agenda da casa, então foi uma sensação agridoce de felicidade e tristeza ao mesmo tempo.
PA: Quais os planos para o futuro?
LM: Pelos próximos 6 meses, estaremos pensando só em disco novo. Depois, show até não querer mais. Uma turnê nacional na segunda metade de 2014 com certeza está nos nossos planos. Clipes também. E repetir isso eternamente!