Histéricas – e bem acompanhadas

Foto Divulgação
Monica Agena, Ana Karina Sebastião, Mariá Portugal, Maria Beraldo e Barnabé

[Por Andréia Martins]

O novo lance de Arrigo Barnabé é um show com músicas de um velho amigo, Hermelino Neder. E para acompanhá-lo, escalou um quarteto só de mulheres: Mônica Agena (guitarra), Mariá Portugal (bateria), Ana Karina Sebastião (baixo) e Maria Beraldo (clarinete). Juntos, eles formam O Neurótico e as Histéricas.

Hermelino é escritor, compositor e integrou a Vanguarda Paulistano fim dos anos 1970, ao lado de Itamar Assunção, Ná Ozzetti, Luiz Tatit e outros. “Hermelino é uma mistura de Woody Allen com Nelson Rodrigues. Suas canções comentam a relação amorosa por um viés ora psicanalítico, ora irracional. Fazia tempo que pensava nisso e, afinal, moramos e fizemos várias canções juntos”, diz Arrigo.

Arrigo montou a banda com base na qualidade e afinidade com seu trabalho. Com o nome “As Histéricas” na cabeça, o título completo foi definido nos ensaios. “Estávamos passando as músicas, e ‘Pô, Amar é Importante’ tem um trecho que diz: ‘Esse cara é um neurótico’. Então a Mônica brincou: ‘É o neurótico e as histéricas’”.

O show leva o nome de “Pô, Amar é Importante”, mesmo nome da canção gravada no disco Como Essa Mulher (1984), de Neder. A ideia é fazer uma turnê e depois transformar o projeto em disco e DVD. Abaixo, você descobre um pouco mais sobre “as histéricas”.

MARIÁ PORTUGAL
A paulista de 29 anos já havia tocado com Arrigo quando este participou de um show da DonaZica, grupo que ela integrou ao substituir a percussionista Simone Soul. Hoje ela se divide entre a banda Sinamantes e a produção de duas trilhas: uma ao vivo e improvisada para o grupo de dança Silenciosas + GT’aime, onde toca percussão, canta e arranha na guitarra, e outra para a peça Tão Pesado Quanto o Céu, de Mariana Vaz.

Onde você já ouviu: DonaZica, Trash Pour 4, Sinamantes, Pato Fu e Fernanda Takai.

O que diz Arrigo: “Ela havia declarado que começou a fazer musica por minha causa, então eu fiquei sempre olhando de longe o que ela fazia, acompanhando.”

Trabalhar com Arrigo é: “A realização de um sonho. O Arrigo é meu herói.”

O que essa parceria agrega ao seu trabalho: “A abordagem do Arrigo frente à performance é diferente de tudo que já vi na música. Ele é um cara que pensa no todo da apresentação, muito preocupado com a comunicação realizada por música, texto e imagem.”

Seu maior ataque histérico: “Acho que meu único ataque histérico foi quando eu dançava num espetáculo de dança em que minha mãe me dirigia – foi a única vez que dancei na vida. Não estava conseguindo fazer uma cena e chutei a parede numa crise raivosa de choro. Tive que ficar uma semana com o pé pra cima.”

MÔNICA AGENA

Aos 34 anos, Mônica já fez de tudo um pouco na música – sempre tocando guitarra. Deu aulas, tocou na banda Krepax, em banda cover de black music e disco e se apresentou com o Natiruts. Agora divide a agenda entre Arrigo e sua banda, o Moxine, que lançou recentemente o disco Hot December. Nela, Mônica mostra seu lado rock e seus dotes vocais.

Onde você já ouviu: Natiruts e Moxine.

O que diz Arrigo: “A Mariá que me indicou, e era justamente o que eu queria: uma guitarrista de rock, intuitiva. Foi ótimo.”

Trabalhar com Arrigo é: “Como cada um vem de um universo musical diferente, é uma grande troca de experiências.”

O que essa parceria agrega ao seu trabalho: “Não conhecia o trabalho do Hermelino. Fiquei fã de suas composições, construção, melodia, letra. Estou estudando esse cara.”

Seu maior ataque histérico: “Já tive muitos momentos descontrolados, no trânsito é mais comum.”

MARIA BERALDO

Maria cantou, tocou flauta doce, bateria e arranhou o piano, mas o clarinete prevaleceu. Começou a tocar aos 13 anos, talvez por influência dos clarinetistas da escola de música de sua mãe, ou por acaso mesmo. “Na verdade eu queria tocar saxofone como a minha mãe, mas era pequena, então acho que ela sugeriu que eu experimentasse o clarinete”, relembra. Aos 25 anos, ela se divide entre os projetos de música instrumental Ideia de Antes e Cumieira – este com influências de Arrigo e Hermeto Pascoal – e o Bolerinho, trio vocal onde toca clarinete.

Onde você já ouviu: com Carlinhos Antunes, Chico Saraiva, Fina Estampa e o Coletivo Orquestral de Mario Campos.

O que diz Arrigo: “Trabalhamos juntos quando fui artista convidado na Unicamp. Montamos um espetáculo lá, ela já era uma revelação. Eu ficava sempre pensando nela, tentando encaixá-la em algum projeto.”

Trabalhar com Arrigo é: “Uma honra e uma diversão.”

O que essa parceria agrega ao seu trabalho: “É muito diferente dos trabalhos que tenho. Venho da música instrumental, choro e MPB. O Arrigo busca uma sonoridade mais pop. Os arranjos foram feitos em conjunto, nossas ideias se misturaram e geraram um material sonoro interessante. A convivência fez com que eu passasse a ouvir outras coisas também.”

Seu maior ataque histérico: “Acho que meus momentos mais histéricos são no palco, com o Cumieira. Ou será que é quando vejo uma barata?.”

ANA KARINA SEBASTIÃO

A baixista paulista é a caçula da trupe, com 19 anos. Cursa licenciatura em música e desde pequena acompanha os irmãos na banda D’Brothers. Toca em bandas de baile e projetos de música instrumental com trios, quartetos e quintetos; quando convidada, acompanha Filó Machado.

Onde você já ouviu: com Filó Machado, Paulo Braga, Bruno Mangueira, Michel Leme, Marcus Teixeira.

O que diz Arrigo: “Foi indicação do Paulo Braga, que toca comigo. Ela é a caçula do grupo e se integrou perfeitamente.”

Trabalhar com Arrigo é: “Uma honra, um aprendizado, uma aventura divertida pra caramba.”

O que essa parceria agrega ao seu trabalho: “Esse projeto está sendo muito importante para mim. Os arranjos do Barnabé são muito criativos e diferentes do que eu estava habituada a tocar.”

Seu maior ataque histérico: “Certo dia eu chegava atrasada na escola, e o corredor estava vazio e quieto. A caminho da sala de aula, ouvi passos. Assustada, olhei para trás e me deparei com o Dieguito, um garoto que me assustava muito. Comecei a correr desesperadamente, entrei na sala gritando e me escondi debaixo de uma carteira. Todos me olhavam sem entender.”

**Matéria publicada originalmente no site SaraivaConteúdo. Leia aqui.

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