[Por Natasha Ramos]
Sabe quando você começa a escutar os primeiros acordes de uma música, curte o som logo de cara, mas basta entrar o vocal para você desencanar completamente? Pois esse é o tipo de decepção que não acontecerá com a Chimpanzé Clube Trio, power trio de rock instrumental, nascido e criado em São Paulo.
Formada em 2002, por Ângelo Kanaan (baterista), Luiz Miranda e Felipe Croco (que se revezam na hora de tocar guitarra e baixo), a banda surgiu de forma espontânea, pelo gosto dos três por música instrumental. “Nos conhecemos no colégio e sempre tocamos juntos”, conta Ângelo.
A Chimpanzé Clube Trio faz parte da cena de bandas como Macaco Bong, Pata de Elefante e Hurtmold, que fogem dos estilos instrumentais tradicionais como o jazz ou o chorinho. Mas, enquanto algumas bandas dessa cena optam por um rock com uma pegada mais progressiva, a Chimpanzé toca um rock direto, que flerta com o reggae, blues, funk e soul. São músicas que criam uma atmosfera e te transportam para outro lugar.
Um fato curioso sobre a banda são os nomes engraçados das canções –como “Batata Doce”, “Chupins” e “Extrato de Energia Volátil”. Afinal, de onde eles tiram esses nomes?
“O fato de [as músicas] não terem letra acaba facilitando, pois temos muita liberdade para escolher como irão chamar. ‘Chupins’ era o nome da primeira banda que tivemos juntos, e como lá no meio da música tem um riff de guitarra que era dessa época resolvemos homenagear nossa banda da adolescência. ‘Extrato de energia volátil’ vem do Chapolin, que pode ser considerado uma de nossas influências. Foi mais difícil nomear os improvisos do terceiro disco, já que vieram ‘do nada’”, explica Kanaan.
O trio leva na bagagem quatro álbuns de estúdio: “Sessões de Quintal” (2003), “Chimpanzé Clube Trio” (2007), “Tudo Veio do Nada” (2011) e “Coisas Passageiras que Nunca se Esquece” (2012). Este último, com 13 faixas, foi gravado e mixado no estúdio Casa da Sogra, na capital paulista, e produzido pela própria banda e Gustavo Garbato. “O processo de criação [das músicas] acontece de várias formas. Pode partir de uma ideia de um dos três que vai sendo desenvolvida nos ensaios. O Luiz e o Felipe, algumas vezes, chegam com coisas mais prontas. Acontece também de a gente improvisar e gravar. Depois, muitas dessas ideias acabam virando músicas. Daí, só depois de muito ensaio, entramos no estúdio para gravar. Nosso terceiro disco “Tudo veio do nada” foge à regra pois é uma compilação de improvisações gravadas ao vivo durante uma temporada em um bar de jazz no centro de São Paulo”, explica Ângelo.
A banda já tocou no circuito SESC de São Paulo, no festival de Inverno de Garanhuns, na Virada Cultural Paulista, no festival Bananada em Goiânia, em mais de quinze cidades do interior paulista, além de cidades do Nordeste e Sul. Chegaram, inclusive, a se apresentar no programa do Jô Soares, em 2008. “Deixamos um CD na portaria da Globo sem muita pretensão e nos chamaram pra canja do Jô.”
Com “Coisas Passageiras que Nunca se Esquece”, a banda segue no agendamento de apresentações para divulgação do mais recente álbum. “Estamos conseguindo marcar muitos shows, nosso público tem aumentado bastante e temos intenção de tocar em cidades e países onde nunca tocamos. O resultado do último trabalho da banda realmente nos deixa seguros pra fazer qualquer coisa.”
Além disso, a banda está com o projeto de fazer gravações ao vivo com plateia no estúdio do selo próprio dos caras, o Epicentro Cultural. “Já tivemos a oportunidade de fazer uma jam (gravada) com o Pelligro, batera do Dead Kennedys. Queremos fazer outro clipe e estamos na pilha de levar nosso último trabalho para o maior número de pessoas possível.”