Liderada pela rapper Li Saumet, a banda colombiana segue na sua prazerosa tarefa de revelar uma nova Colômbia musical
[Por Daniela Guedes]
A banda colombiana Bomba Estéreo acerta em cheio quando mistura as tradições musicais da costa atlântica colombiana, com Hip Hop e música eletrônica. Desse caldeirão resulta o que muitos críticos chamam de “cumbia psicodélica”, uma versão lisérgica do poderoso ritmo popular latino-americano.
Denominações à parte, o que no inicio começou como um projeto do baixista Simón Mejía, em 2005, hoje já mostra o que o público ávido por novidades espera de uma banda latina contemporânea.
Li Saumet, Símon Mejía, Julian Salazar e Kike Egurrola são a Bomba Estéreo. Seguem firme compondo a programação de grandes festivais mundo afora, como South by Southwest, Bonnaroo, Lovebox, Bumbershoot, Coachella e Lollapalooza e já estão no terceiro álbum, intitulado Elegancia Tropical.
Elegancia Tropical conta ainda com as presenças geniais dos portugueses da Buraka Som Sistema, na faixa “Mozo” e do carioca B Negão que coloca sua assinatura em “Rocas”.
O certo é que o som da Bomba Estéreo evoluiu muito desde seu disco anterior lançado em 2008 e batizado de Estalla, o mesmo foi lançado nos EUA no ano seguinte como Blow Up. Em Elegancia, todos estão mais maduros e focados nas composições.
Mesmo assim, o disco não perde a veia dançante que sempre acompanhou a banda desde o inicio quando ainda não passava de um projeto de Simón.
Apesar da latinidade, a banda tem um jeito todo singular e ao mesmo tempo plural ao expor, sem medo de errar, suas influências que vão desde Massive Attack, Smoke City além de ícones latinos como Café Tacuba e Illya Kuryaki and the Valderramas.
Nesta entrevista para o Palco Alternativo, o fundador e baixista da banda, Simón Mejía conta mais alguns detalhes da Bomba Estéreo.
Como surgiu a Bomba Estéreo?
Símon Mejía. Comecei em 2005 mais como um projeto de Soundsystem batizado de A.M 770, ao lado do Dj Fresh, Diego Cadavid (percussão) e Simon Hernandez (visual). Ficamos assim por um bom tempo, tocando com Mc´s convidados. Ainda não éramos uma banda formal.
Depois troquei o nome do projeto para Bomba Estéreo, fiz o álbum Vol. 1 (2006) e aí em busca de cantores para participar de algumas faixas, convidei Liliana (Li Saumet) para cantar “Huepajé”, gostamos do resultado e continuamos juntos até hoje.
Depois de um tempo o percussionista Diego saiu e ficamos os quatro, Li Saumet (voz), Julian (guitarra), Kike (bateria), e eu (baixo, bateria e programação), a formação atual da Bomba.
Quando vocês se deram conta de que a mistura de música eletrônica, música colombiana e hip hop daria tão bem?
Símon. É um longo processo de experimentação que venho fazendo desde 2003, através de vários projetos e em colaboração com alguns DJs daqui de Bogotá, como o Dj Fresh. Sempre tivemos boa aceitação do público. Atualmente todas estas experimentações são expressas na Bomba Estéreo.
Quais as principais influências da banda?
Símon. As batidas, sintetizadores, música jamaicana e música africana. Tudo isso passa pelo filtro do folclore colombiano e acaba influenciando o som da Bomba Estéreo.
Como funciona o processo de composição para vocês?
Simon. Eu inicio a programação com as batidas, sequencias rítmicas com bases de folclore e em seguida, adiciono linhas de baixo, sintetizadores e guitarras. A música tá pronta, daí neste momento entra Li para compor as letras e melodias.
Com tantas atuações fora da Colômbia, pode-se eleger um show que tenha sido o mais memorável, o mais espetacular, até hoje para vocês?
Símon. Fora da Colômbia, talvez em Roskilde, na Dinamarca onde foi o primeiro grande festival que fizemos na Europa e a resposta do público foi impressionante, uma coisa totalmente inesperada. Isso foi em 2009 e depois disso a banda começou o seu caminho no circuito de festivais europeus.
Conte-nos um pouco mais sobre o álbum Elegancia Tropical que conta também com a participação de BNegão.
Símon. Elegancia Tropical é o terceiro trabalho da Bomba Estéreo. Trabalhamos nele por quase dois anos e mostra um novo lado da banda que explora novos sons e novas formas de apropriação do folclore e traduz para uma linguagem eletrônica, procurando também formas diferentes de cantar e dizer coisas. BNegão é um grande amigo, nos conhecemos há alguns anos atrás quando fizemos uma visita ao Brasil e a partir de então iniciou-se uma relação estreita e musical. É uma grande pessoa e um grande músico e nos deixou uma colaboração muito feliz.
Você acredita que este som, chamado por alguns críticos de “cúmbia psicodélica”, reflete perfeitamente o seu trabalho?
Símon. É simplesmente uma maneira de nomear um gênero que é construído a cada dia e não tem um som muito específico. É simplesmente a nova música latina.
Vocês já fizeram alguns shows no Brasil. A resposta do público foi boa? Tem planos de voltarem?
Símon. Sim, claro, nós amamos o Brasil e queremos seguir abrindo portas. Sua música é incrível, seu povo, suas cidades, florestas. O Brasil é um país irmão e sempre será!