[Por Natasha Ramos]
A banda goiana Cambriana surgiu simplesmente porque Luis Calil, autodidata de tudo, quis encarar o desafio de compor e gravar um disco que ele curtisse escutar. A partir disso, o projeto foi crescendo, tornando-se mais concreto e, finalmente, deu frutos: o disco “House of Tolerance”, lançado no começo de 2012 –cerca de um ano depois do surgimento da ideia– e shows em importantes festivais de Goiânia, como o Vaca Amarela e o Bananada.
“O projeto começou comigo recrutando três amigos pra ajudar na composição e gravação do nosso primeiro disco: o Wanderson Meireles, Rafael Morihisa e Israel Santiago. Quando o disco ficou pronto e nós começamos a pensar em fazer shows, procuramos e testamos outros músicos para completar a formação. O Wanderson não tinha muito interesse em se apresentar ao vivo, então ele ficou de fora, e acabaram entrando pra banda o Wassily Brasil, Heloísa Helena e Pedro Falcão, nas posições de tecladista, baterista e baixista, respectivamente”, explica Luis, mentor e vocalista do grupo.
Não é só pelo fato das letras serem em inglês, mas o som da Cambriana soa gringo, como se o vocalista tivesse morado a vida inteira em outro país. Quem escutar o som dos caras pode (ou não) encontrar um pouco de bandas como Grizzly Bear, Brian Eno, Beach House e Phoenix. É um rock suave, atmosférico, que dá vontade de escutar mais de uma vez.
Segundo Luis, é “pop psicodélico”. “Mas, isso é mais uma piadinha que não diz muita coisa. A graça do disco pra mim é que ele é esteticamente variado, e não dá pra prendê-lo em uma linha estilística específica.”
Além do álbum “House of Tolerance” (lançado virtualmente em janeiro de 2012), a Cambriana leva na bagagem o EP “Afraid of Blood”, com algumas faixas do “House…” e outras “lados-b”, lançado pouco antes do disco; e o single de “Slow Moves”, com um remix de “Big Fish”, lançado algumas semanas depois do álbum.
Os trabalhos foram gravados de forma independente, a maior parte, no esquema homemade, com equipamento próprio. Só usaram estúdio para gravar vocais e instrumentos acústicos, como violão e violino. Podem ser baixados gratuitamente no site da banda: http://cambrianamusic.com/
A versão física do “House of Tolerance” chegou há pouco tempo e eles já fizeram show de lançamento em Goiânia. “A versão digital continuará disponível para download, mas achamos que uma versão física ainda era necessária: muita gente ainda tem um apego a CDs , e muitos jornalistas ainda não levam um lançamento a sério a não ser que esteja na mão deles, literalmente”, comenta Luis.
O clipe de “The Sad Facts”
Recentemente, a banda lançou o videoclipe da “The Sad Facts”, música de trabalho do “House of Tolerance”. Há certa ironia (se podemos chamar assim) na história: o rapaz dançando, tentando chamar a atenção da moça, aparentando certa felicidade (afinal, é geralmente este o estado de espírito de alguém que está dançando) e, ao perceber que não atingiria seu intento, resolve eliminar seu “concorrente”, indo do sublime ao mórbido. “A ideia foi minha, e o meu amigo Rodrigo Pinder me ajudou com alguns detalhes do roteiro. A inspiração foi a própria música, cuja letra em si tem elementos mórbidos –referências a corpos e sangue– que contrastam com a parte instrumental leve e romântica. A gente queria um clipe que capturasse esse contraste.”
O clipe foi lançado no Youtube e divulgado em canais como o Facebook e o site da banda. Ultrapassou a marca dos 10 mil acessos em uma semana e dividiu opiniões. “A maioria das pessoas parece ter gostado bastante do clipe, mas algumas não esperavam que ele fosse ser tão sombrio. Não me surpreende – a música realmente soa bem romântica. Mas basta uma olhada rápida na letra de “The Sad Facts” para perceber a ideia geral dela: que romance pode ser –e geralmente é– extremamente violento (psicologicamente, pelo menos). Nós preferimos usar violência física porque, convenhamos, sangue é bem mais divertido de assistir do que pessoas discutindo e sofrendo dor de cotovelo”, conta Luis.
A banda irá se apresentar ainda este mês no festival Canto da Primavera, em Pirenópolis (interior de Goiás), junto com o Otto, Criolo, Milton Nascimento e Marcelo Jeneci. Segundo Luis, eles devem excursionar por outros estados nos próximos meses, divulgando a versão física do disco.
Cambriana rocks!