Entrevistamos a dupla maranhense Criolina, formada por Luciana Simões e Alê Muniz
[Por Natasha Ramos]
A dupla Criolina, formada por Luciana Simões e Alê Muniz, “é a melhor coisa que apareceu na música do Maranhão nos últimos 20 anos”, afirma o músico e também maranhense Zeca Baleiro.
O duo, que também é um casal, se conheceu quando ambos moravam em São Paulo. Naquela época, cada um possuía outros trabalhos musicais. “Tínhamos carreiras separadas: eu tinha uma banda de reggae [Natiruts] e o Alê fazia um trabalho solo. Nós nos conhecemos em 2004, passamos alguns meses compondo juntos e formamos a dupla. Aí, aconteceu de a gente ficar junto, e o Criolina ficou mais forte”, conta Luciana.
O nome Criolina casa muito bem com a proposta musical da banda e surgiu de modo espontâneo. “A gente fez um ‘toró’ de ideias e, de repente, pintou o Criolina, que remete ao tambor de Crioula do Maranhão e tem toda essa coisa de usarmos a logomarca vintage do produto Creolina, do qual a gente removeu o ‘E’ e colocou no lugar o ‘I’”, explica Luciana.
A dupla tem dois CDs lançados: o primeiro homônimo, de 2006, e o segundo intitulado Cine Tropical, de 2010, com um projeto mais elaborado em que cada música representa um gênero cinematográfico, com a estética de filmes como Bye Bye Brasil. “No Criolina [disco] tentamos experimentar mais”, comenta Alê Muniz. “Já no segundo CD, direcionamos mais para um tema. Quando fomos fazer a seleção do repertório, percebemos como o universo do cinema era algo em que a gente poderia se achar e curtir, então resolvemos casar os dois”, acrescenta.
Para compor seus trabalhos, a dupla bebe de fontes das mais variadas, desde Erasmo Carlos, Mutantes, Beatles e Led Zeppelin, até Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Bob Marley e toda a galera da Tropicália.
Atualmente, Luciana e Alê moram no Maranhão, e sua terra natal influencia diretamente no processo de composição da dupla. “Lá o estado de espírito é diferente, nós encontramos um ambiente mais propício para compor”, diz Luciana.
Se perguntarem qual é o som do Criolina, você vai encontrar, basicamente, rock, ska, surf music, reggae, zouk, com tempero caribenho e sotaque do Maranhão.
“Alê e Luciana são dois artistas muito intuitivos e originais. Fazem uma mistura saborosa das muitas referências que têm, sem que seu som jamais soe ‘cabeça’, excessivo ou pretensioso. Fazem uma abordagem pop da música nativa maranhense de modo muito inteligente e aberto ao mundo”, diz Zeca Baleiro, que também é uma influência para a dupla.
“Achamos ele [Zeca Baleiro] genial, um poeta. Adoro o trabalho dele e acho que tem tudo a ver com o que o Criolina faz”, diz Luciana. Em maio de 2011 a dupla participou de mais uma edição do Baile do Baleiro, projeto de Zeca em que ele divide o palco com amigos, músicos e ídolos, para recriar clássicos como “Fogo e Paixão” (Wando) e “Fio Maravilha” (Jorge Ben Jor) com arranjos diferenciados.
A banda também tocou no Bailão do Ruivão, abrindo o show de Nando Reis, e já se apresentou em várias cidades do Brasil, como São Luis, Fortaleza, Recife, Rio de Janeiro, São Paulo e interior. “Participamos do circuito SESC, Itaú Cultural e Virada Cultural em São Paulo”, conta Alê.
A Criolina ainda foi convidada para se apresentar na Europa, no segundo semestre de 2011. “Vamos tocar no festival Espírito Mundo, que tem duas edições, uma na França, na cidade de Celles Sur Belle, e outra na Espanha, em Santiago de Compostela. É a primeira vez que vamos tocar no exterior com a Criolina”.