Technodrome1: o pop em chamas

Foto: Anni Choi
Joshua Williams, ou Technodrome1

[por Andréia Martins]

Se você é desses que curte ilustrações, já deve ter visto as cores vibrantes dos desenhos de Joshua Williams, que também responde pelos nomes Takun Williams e Technodrome1, por aí.

As ilustrações desse americano nascido em Jersey e que hoje mora no Brooklyn, em Nova York, já rodaram blogs e sites gringos e nacionais, com destaque para os desenhos das “celebridades” do mundo da música, como Lady Gaga, Kayne West, Pharrell, M.I.A., Chris Brown, entre inúmeros outros nomes da cultura pop. Na lista de figuras já desenhadas por Takun, até Bin Laden já ganhou traços mais coloridos1.

Williams começou a desenhar inspirado nos desenhos animados que via na televisão, especialmente as tartarugas ninjas. O gosto pela arte, de certa forma, é de família. O pai, arquiteto, também fazia pinturas a óleo, o que despertou o interesse do garoto por artes plásticas. Além disso, o irmão é escritor.

“Acho que está no sangue da família mexer com a criatividade”, disse Takun em entrevista exclusiva por e-mail ao Palco Alternativo.

Desenhando para ele mesmo, começou a perceber que podia ganhar a vida com suas ilustrações. “Percebi que as pessoas estavam prestando atenção nos meus desenhos e pagando por eles”, disse.

Aos 20 e poucos anos, Williams diz que se inspira no mundo pop porque esse é o universo que ele cresceu acompanhando.

“Isso é o que moldou minha personalidade. Adoro aquele filme, The Cable Guy¸com Jim Carey, porque acho que seu personagem tem aquilo que define a minha geração: garotos que cresceram muito influenciados pela TV e pelos filmes. Por isso, o universo pop parece óbvio para mim. Se eu quero fazer arte, tenho que fazer com algo que não seja difícil tirar inspiração”, disse ele.

Nesse sentido, a música e seus astros pop produzidos em massa ganham bastante espaço em seu trabalho.

“Minha relação com a música é essencial no meu trabalho. Preciso de música para viver. Às vezes ouço as mesmas músicas repetidamente, porque isso facilita a minha concentração no trabalho. Música me dá energia, conforto e uma melhor vibração ao meu trabalho, tudo que eu preciso para criar”.

Entre os artistas da música que já desenhou, Takun diz não ter recebido nenhum comentário sobre a obra. “Faço meus desenhos para o público e para mim, não me importo com os comentários”, diz ele.

Takun já fez trabalhos para Pharrell Williams e a arte da capa do álbum “Midnight Express”, de Jay Wrecka, mas uma de suas vontades é trabalhar com Kayne West.

Kayne West, por Technodrome1

Sobre as chamas que costumam envolver os personagens de suas ilustrações, ele diz que “isso pode ter diferentes significados”.

“Às vezes é só pelo desenho mesmo, como se precisasse de algo para deixar a ilustração mais legal. Ou significar que a pessoa está pegando fogo, é ‘quente’ para mim. Pode ser, ainda, para destacar uma aura que eles possuem naturalmente, motivo pelo qual são estrelas”, diz.

Ver seu trabalho sendo repassado de site em site não incomoda Takun. Segundo ele, isso não tem atrapalhado as vendas, pois as pessoas “veem na internet, mas querem a coisa real”. O ponto positivo é que seu trabalho pode rodar o mundo, enquanto ele mesmo não o faz [embora diga que o Brasil está nos seus planos].

“Posto meus desenhos na Internet para todos que têm olhos verem. E o retorno, especialmente em Nova York, é ótimo. Mas eu não tenho como saber até onde meu trabalho chega, isso também é ótimo”, conta.

Julian Casablancas, do Strokes, por Technodrome1

A criação, para Takun, não é vista como um “processo”, uma rotina. “A única parte que funciona como um processo, para mim, é lembrar da ideia”, brinca. “Agora que eu finalmente tenho um iPhone, posso anotá-las no bloco de anotações e me lembrar no outro dia”.

Apesar de já ter sido comparado com Andy Warhol, talvez pela influência do mundo pop em seu trabalho, entre as diferentes referências de Williams – ele mesmo cita Basquiat, Warhol, Egon Sheile, Gustav Klimt, Matisse, Pollack, Picasso e Mr. Brainwash –, os cartoons têm um lugar especial.

“A maioria das minhas influências é mais contemporânea, como Frank Miller e o Sin City, Jim Lee e os X-men, e os quadrinhos”.

Com a popularidade em alta, no caminho para alcançar as estrelas desenhadas por ele, suas ilustrações variam de US$ 100 a US$5 mil. Todos os desenhos são feitos com o que ele chama de “super” Mac, em seu apartamento no Brooklyn.

“Meu gato costuma passear pela casa e ver os desenhos, mas fora isso, sou só eu e as baratas”, brinca.

Jay-Z, por Technodrome1

Mais ilustrações de Takun – ou Technodrome1 – em: technodrome1.tumblr.com

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