Recomeço e nostalgia. Essas são duas palavras que falam bastante sobre a banda paulistana Coro dos Contentes. A primeira, porque em um curto espaço de tempo a banda já saiu e voltou para a estrada algumas vezes. A segunda, pela sensação que as músicas deixam na gente, ou pelo menos deixaram em mim, a de uma saudade de algo que gente nem sabe bem o que é.
A banda nasceu em 2008 tendo à frente o guitarrista e cantor Danilo Oliveira. De lá pra cá, “a banda já morreu umas cinco vezes, mas agora não morre mais”, disse ele em entrevista ao Palco Alternativo.
O Coro tem uma cara bem brasileira, flerta com o samba, em uma linha tênue entre o rock e MPB, com melodias bem construídas como mostram as faixas Quadro em cor, Olhando para o Espelho, Vou Indo, Te Afasta, e Que é pra eu seguir feliz, disponíveis no MySpace da banda.
Hoje, integram o Coro além de Danilo, Alan Hollmann (baixo) e Pablo Marchatto (bateria). A trupe se prepara para gravar o primeiro disco. Conheça mais sobre a banda na entrevista feita com Danilo.
Palco Alternativo – Quando foi que a história do Coro dos Contentes começou?
Danilo – O Coro existe desde 2008. Eu sempre quis ter uma banda. Desde os tempos da escola. Quando fui estudar musica mais seriamente, abandonei a ideia. Em 2008, por inúmeros motivos e coincidências, a ideia de banda voltou e resolvi investir.
PA – A música de vocês tem um clima meio nostálgico, parece que dá uma saudade de coisas que a gente nem sabe bem de que, é uma sensação que tive, talvez mais pelas melodias do que pelas letras.
Danilo – Engraçado isso de sentir saudade. Muita gente já disse isso. Posso dizer que sinto essa saudade quando ouço as músicas, mas a minha saudade tem a ver com eu lembrar do que estava sentindo quando as fiz. Não chega a ser algo proposital.
PA – Que papo é essa da banda já ter morridos algumas vezes. O quer houve?
Danilo – Montar uma banda é algo BEM complicado. Eu não sabia disso (rs). Resolvi montar banda “depois de grande” e fui descobrir o quanto é complicado conciliar horários, gosto, opiniões. Essa banda já morreu umas cinco vezes até hoje, mas agora não morre mais.
PA – As músicas do My Space fazem parte de um EP, um disco ou estão apenas na internet?
Danilo – São só gravações na internet. O engraçado é que se o Coro está vivo hoje, devemos isso a essas gravações. Primeiro foi Quadro em cor. Colocamos pra ver o que aconteceria. Parece bobeira mas colocar a primeira música na internet é um sufoco. Não sabíamos como iriam receber a música e isso causa um certo nervosismo. Mas pra nossa sorte, funcionou. Em algumas vezes que a banda acabou, o que a fez voltar, foram os pedidos de download.
PA – Fale um pouco sobre as músicas. São ão canções mais antigas ou recentes, e há planos de lançar um EP?
Danilo – A música Quadro em cor foi gravada em estúdio. As outras são todas caseiras. Todas elas exceto Te afasta são mais antigas. Coisa de 3 anos atrás. Estamos gravando nosso primeiro disco. O intuito é gravar doze músicas com a cara mais atual do grupo, usando mais violão.
PA – Como começaram a se envolver com música. Podemos dizer que há uma influência forte do samba na música de vocês?
Danilo – Bom, cresci ouvindo muito Roberto Carlos e samba (de “tabela” da casa e festas dos vizinhos). Logo depois sofri influência forte do rock vinda da adolescência do meu irmão mais velho que tinha uma banda. Quando vi o Djavan tocar na tv me interessei pelo violão e fui estudar de forma mais séria. Estudei violão popular durante um bom tempo e passei para o violão erudito até chegar na Unviersidade. Nesse percurso tive que ouvir muita música. Então posso dizer que o que mais me influenciou no todo foi: Beatles, Paralamas, Chico buarque, Legião, Los Hermanos, Villa Lobos, Baden Powell e Bach.
Alan – Aos 13 anos formei minha primeira banda, tocando guitarra. Estudei violão clássico aos 15. Inicialmente eu tocaria guitarra mas passei a tocar contrabaixo quando estávamos definindo uma formação pra banda. Iniciamos a nova formação do Coro e a partir disso, me dedico exclusivamente ao contrabaixo. Minhas influencias são: Legião Urbana, Lenine, Arnaldo Antunes, Djavan, Beatles, Arthur Maia, Victor Wooten.
Pablo – Meu pai tocava contrabaixo em uma banda quando eu era pequeno e minha mãe sempre ouviu muita música boa em casa. Cresci fuçando os discos. Toquei contrabaixo em uma banda quando era adolescente e logo depois passei pra bateria que sigo estudando até hoje. Ouço muito jazz e música brasileira: Hermeto, Egberto, Tom Jobim, Beto Guedes, Edu Lobo, e por aí vai.
PA – Falem um pouco da trajetória de vocês: como é o lance de shows, onde já tocaram?
Danilo – Não fizemos muitos shows. Tocamos em alguns bares e festivais de São Paulo. O nosso último show foi no inverno cultural de São João del Rei em Minas Gerais, em julho desse ano. Estamos focados na gravação do disco agora mas temos algumas datas em alguns festivais fora de São Paulo até o fim do ano.
PA – Uma curiosidade: qual é a história por trás do nome da banda?
Danilo – O nome da banda surgiu quando assisti ao DVD do Engenheiros do Hawai. Na música Pose tem a frase: “desafinado o coro dos contentes”. Bateu, sabe?! Pareceu o nome mais perfeito para o intuito da época. Soava descontraído e ficou. Contente não significa exatamente uma pessoa sorridente e alegre como todo mundo pensa, e sim, alguém, que esta satisfeito com o que faz. Um fato curioso é que só eu gostei do nome rs. Lembro de uma vez que fomos tocar em um bar e o dono perguntou três vezes o nome da banda porque não estava entendendo. Todo mundo queria mudar o nome na mesma hora. Mas com o tempo o nome foi ficando.