As várias faces de Mônica Agena: guitarrista do Natiruts mostra seu lado rock no Moxine

O Moxine: Caju (bateria), Hagape Cakau (baixo) e Mônica Agena (voz e guitarra)

[por Andréia Martins]

Até onde pode ir a influência de um amigo? Bom, no caso de Mônica Agena, bastou ver um amigo surfista tocando uns hits do Raul Seixas no violão para a música bater à sua porta.

“As coisas foram acontecendo, quando percebi, estava trabalhando com música. Não tenho músicos na família, minha primeira referência foi um amigo surfista, que apareceu tocando os hits do Raul Seixas no violão. Aprendi a tocar com ele e me apaixonei pelas cordas. Um ano depois, ganhei de meu pai a primeira guitarra, uma Fender strato japonesa”, conta Mônica ao Palco Alternativo.

De lá pra cá, anos depois e algumas guitarras a mais (2 Tagimas, 1 Giannini, 1 Fender Strato e 1 Gibson Standard), Mônica, atual guitarrista do Natiruts, já fez de tudo um pouco na música. Deu aulas, já tocou em uma banda de covers, a Sky Funky Band, que tocava black music e disco, e em outra, o Krepax, e ainda desenvolveu um trabalho instrumental, sem contar a parceria com a banda brasiliense. Mas agora, com a sua banda, o Moxine, ela mostra seu lado rock.

“O sonho de ter uma banda de rock sempre existiu pra mim, acredito que a maioria das garotas e garotos começam a tocar motivados por esse sonho ou pela simples vontade de tocar uma música que gosta. Não acredito que a profissão seja uma inspiração pra moçada, pelo menos não no começo. Eu vivo esses dois universos, o profissional e o artístico. Tocar com diversas bandas me deu muita experiência profissional e amadurecimento na parte artística. Mas ter uma banda de rock, mesmo sendo encarado muitas vezes, por mim mesma, como um algo romântico demais, foi o que me motivou a tocar”.

Apesar do instrumento escolhido por ela ser mais tocado por homens do que mulheres, Mônica disse que isso nunca foi um problema. “Por esse lance de mulher tocando ser mais difícil de se ver, as pessoas acabavam querendo usar isso como um ‘diferencial’ em suas bandas, o que não deixa de ser um tratamento diferente por ser uma garota tocando. Como eu era uma menina um pouco radical, queria provar tudo pela minha capacidade de tocar, acabava me incomodando um pouco com esse apelo”.

O início do Moxine

Uma dos projetos musicais de Mônica, o Krepax, durou de 2005 a 2008. Além da guitarrista, a banda era composta por Dionisio Neto (vocal), Hagape Cakau (baixo) e Nana Rizinni (bateria). Quando o grupo se dispersou, começou a nascer o Moxine.

Ao lado das parceiras Nana e Hagape, Mônica deu início à brincadeira, como ela mesmo diz, e gravou o single I Wanna Talk About You, uma faixa que funciona muito bem como cartão de visitas da banda. Mostra a vibe electro pop da banda, um riff gostoso de acompanhar e bater o pé, daquelas músicas que você ouve e já se mexe.

Essa mudança de posição, com Mônica assumindo o microfone, cheia de atitude e sensualiade, deixou muita gente surpresa.

“Pode ser que tenha sido uma surpresa, mesmo para as pessoas próximas de mim, pois foi tudo muito rápido, nunca havia gravado nem me apresentado em shows cantando. I Wanna Talk About You foi a primeira experiência. Apenas tocar guitarra é muito prazeroso, mas quanto mais formas você tem de se expressar, mais formas você tem de acessar as pessoas. Por isso o lance de cantar e escrever, veio da necessidade de me comunicar”, conta.

O 1º EP

O primeiro EP do Moxine, Electric Kiss, saiu em (2009). Produzido por Rique Azevedo, traz quatro faixas:  I Wanna Talk About You, Electric Kiss, Good Choice e Out of Sight. “Componho e tenho muitas músicas guardadas, mas as composições do Electric Kiss  eram todas frescas, compostas e arranjadas pouco antes de gravarmos”, diz Mônica.

I Wanna Talk About You ganhou um clipe bem divertido, com muitas referências à estética dos videoclipes dos anos 80 ( repare no visual das meninas, nos objetos – aquele gravador e a fita cassete que você tanto sente falta – e no local da gravação), o que segundo ela, foi algo bem sem querer.

“Imagine um grupo de amigos com uma camera na mão, cada um contribuiu com o seu talento, figurino, direção de arte, etc. Foi assim que gravamos!”, comenta Mônica. Para o vídeo, gravado no brechó Túnel do Tempo, na Vila Mariana, o Moxine contou com Mauricio Eça na direção, Toni Pereira na direção de arte, Alexandra Fernandes no figurino, Stella Fernandes na maquiagem e Tony Tiger na edição.

O próximo clipe já tem música escolhida: Eletric Kiss. Com direção de Marina Quintanilha, o clipe deve ser lançado em março. Além disso, a banda também já está pensando em lançar um dico. “A maneira descompromissada de lançar clips, músicas, EP, traz uma sensação libertária muito inspiradora, mas eu vejo que o lançamento de um disco representa um marco na trajetória dos artistas. Com tanta liberdade, fica dificil decidir o próximo passo, mas estamos tendendo a lançar um LP”.

Participação no SXSW

Os brasileiros estão virando arroz de festa no festival South by Southwest, em Austin. E o Moxine já está arrumando as malas para se apresentar por lá, em março. Além de tocar para diferentes públicos, o festival é também uma conferência com mais de 4 mil empresas registradas, ou seja, uma boa oportunidade para novos contatos.

“Estamos preparando algo bem legal em parceria com um patrocindor, vamos divulgar a ação em março. Além de ser a nossa primeira apresentação internacional, é a primeira fora de São Paulo! Imagine, estamos bem ansiosos!”. A gente pode imaginar.

Para ouvir: www.myspace.com/moxine

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