[por Andréia Martins]
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No México existe uma iguaria que mexe com o paladar e a mente de quem a experimenta: a pimenta jalapeño. Em solo brasileiro, um trio de mesmo nome segue provocando as sensações mais diversas, misturando computadores, sintetizadores, samples e tradicionais instrumentos como baixos, bateria, guitarras, acordeon, percussões, etc, para causar o mesmo impacto em quem ouve a sua música. Estamos falando da banda instrumental Jalapeño.
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O Jalapeño Project começou como um duo, em 2007. Paulo Kishimoto (foto abaixo) e Pedro Prado decidiram se reunir para fazer música, já que estavam num período sem muito trabalho, dividindo a mesma república e tinham muita afinidade musical. Pouco tempo depois, o duo tornou-se trio, contando com a participação de Gustavo Mazon.
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“Quando decidimos começar os primeiros shows, vimos que para executar as músicas compostas no computador e gravadas por nós mesmos através de sobreposição (overdub) precisaríamos de um terceiro músico para que o computador não estivesse tão presente ao vivo. O entrosamento rolou e agora somos um trio”, conta Pedro em entrevista ao Palco Alternativo.
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De lá pra cá o Jalapeño lançou um disco, Verde. Quem acha que o nome tem algo a ver com meio-ambiente ou algo do gênero, engana-se. Na verdade, o disco leva esse nome por dois motivos: trata-se de uma referência ao início de uma ideia que não está totalmente desenvolvida, madura, ou seja, verde, e outra porque o tipo de jalapenõ mais comum é a verde.
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Ao todo são 9 músicas, cada uma com uma sonoridade e influências específicas. Algumas até parecem pedir uma letra, tamanha a sintonia (como a ótima ScrewJujuba), em outras, alguns instrumentos diferentes se combinam num perfeito match, como a guitarra- cadenciada – e o acordeon em Jeca Global. Em comum, todas as canções tem aquela vibe de viagem, e eu não falo de cair na estrada, transitando entre o jazz, pop, lounge, o psicodélico e sons mais dançantes.
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O disco contou com o produtor argentino Gonzalo Rainoldi. “Chegamos a ele através de amigos do Paulo que nos mostraram alguns artistas que tinham masterizado o disco lá nos Estúdios Quark com o Gonzalo. Como gostamos da sonoridade desses trabalhos achamos que seria uma boa opção masterizar o disco lá também”, conta Pedro.
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Com o disco pronto, a banda disponibilizou o download em diferentes formatos, no próprio site. Há opção para baixar de graça e a de pagar por um arquivo com mais qualidade.
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O feel orgânico
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O detalhe notável no trabalho do Jalapeño é o uso da tecnologia sem alterar a essência ou deixar a música superficial, algo muito possível quando se usam muitos programas de computador. Segundo Pedro, essa foi a grande sacada da banda: descobrir que até mesmo os programas de computadores mais novos se preocupavam com esse lado orgânico, e que eles poderiam ser usados de um jeito diferente, sem soar técnico demais.
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“Nossa ideia era que o computador pudesse, de alguma forma, substituir ‘os músicos que faltavam’. O processo se deu naturalmente e uma das razões pela qual as ‘partes tecnológicas’ da nossa música não soam artificias é porque todos os loops foram tocados por nós mesmos, gravando instrumentos reais. Não usamos praticamente nenhum loop pronto, tudo foi tocado”, explica Pedro.
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Quanto ao vocal – ou melhor, à falta dele – Pedro conta que a banda “usou bem pouco a voz em alguns pequenos trechos. Mas não somos cantores e, por enquanto, a ideia não é tocar canções. Fora isso também não somos bons letristas. Mas nada que esteja totalmente vetado, de repente pode ser interessante”.
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Para 2010, o foco é o novo disco. Como além do Jalapeño o trio se divide entre os trabalhos no Jalapeño Verde Studios, onde fazem gravações de discos demo e shows, e acompanhando outras bandas por aí, o disco pode demorar a sair. Enquanto isso, quem quiser ouvir pode conhecer mais desse som apimentado no my space ou no site oficial do Jalapeño.
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