Gentileza que gera… valsambolerockaipira

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Curitibanos da banda Gentileza lançam seu primeiro disco misturando guitarras, violas, violinos e metais

[por Andréia Martins]

Gravar um disco não é assim tão simples. Que o digam os curitibanos da banda Gentileza, que há quatro anos na estrada, acumularam experiência e economias para lançar, esse ano, o tão esperado primeiro disco: Banda Gentileza.

Na bagagem, a banda já tem dois EPs gravados pelo projeto a “Grande Garagem que Grava”, em 2005 e 2007, que registra shows e lança os CDs. Participando do projeto, Heitor, vocalista dos gentis, diz que a banda conseguiu divulgar suas músicas e criar um nome. Mas já era hora de dar um novo passo.

“Gravamos o disco apenas agora por questões financeiras. A gente sempre achou que não valeria a pena fazer um disco de estúdio se não fosse num padrão profissional. Haveria um grande esforço que, provavelmente, resultaria num trabalho meia boca, com o qual talvez não conseguíssemos uma repercussão interessante. Depois de quase cinco anos de banda, percebemos que era hora de investir nessa gravação que sempre sonhamos”, conta Heitor ao Palco Alternativo.

E para comandar a trupe curitibana, recrutaram o produtor Plínio Profeta, o mesmo que já trabalhou com artistas como Pedro Luís e a Parede, Lenine, Tiê, Lucas Santtana, Katia B., O Rappa, Pavilhão 9, entre outros.

“Quando a gente decidiu gravar um álbum de estúdio, concluímos que para alcançar a sonoridade que desejávamos, precisaríamos da ajuda de um produtor. Como nossas músicas apontam uma para cada lado, mudam de uma hora para outra e não tem um estilo muito definido, o produtor teria que ser uma pessoa que conseguisse sacar essa nossa proposta, além de caminhar, livremente, entre as mais diversas referências. O trabalho do Plínio Profeta sempre me chamou atenção justamente por isso”, diz Heitor.

Assim saiu Banda Gentileza, um disco que, em suas 12 faixas, mostra a diversidade e versatilidade dos curitibanos. A gente encontra um violino ali, uma viola caipira aqui, um sax naquela música, guitarra com cavaquinho em outra… e assim vai. (Para baixar o disco, clique aqui)

3… 2… 1… logado e gravando!

Um disco tão esperado não poderia ser gravado sem algo diferente. Pensando nisso, os curitibanos pensaram em algo novo usando, é claro, recursos da web: transmitir a gravação, permitindo que os fãs e outros acompanhassem todo o processo e os dias tensos no estúdio.

“A gente pensou justamente em usar o Youtube e o Twitter para contar as novidades da gravação. Mas faltando um dia para entrarmos em estúdio, a Pamela Leme, nossa produtora, deu a ideia de transmitir tudo ao vivo em som e vídeo. A princípio não sabíamos se era uma boa. Achamos que poderia acabar com a surpresa do disco. Mas logo esquecemos isso. Criamos uma conta no Kyte.tv e, no dia seguinte, estávamos transmitindo tudo o que acontecia dentro do estúdio. Foi uma coisa muito bacana”, conta Heitor.

Com a empreitada, a banda criou um vínculo maior com quem já conhecia o seu trabalho e conquistou outro público, que se interessou e trocou ideias com a banda durante a gravação. “No fim das contas”, conta Heitor, “foi uma ótima experiência. É um negócio que a gente também assistiria se outra banda fizesse o mesmo”.

Assista: Banda Gentileza em: Teu Capricho Meu Despacho

A banda

A Gentileza tem seis integrantes: Artur Lipori (trompete, guitarra, baixo, kazuo), Diego Perin (baixo, concertina), Diogo Fernandes (bateria), Emílio Mercuri (guitarra, violão, viola caipira, ukelele, backings), Heitor Humberto (vozes, guitarra, violino, cavaquinho) e Tetê Fontoura (saxofone, teclado). Mas tudo começou como um quarteto: duas guitarras, baixo e bateria. Até que um dia…

“Quando o Artur começou a tocar trompete, o chamamos para experimentar umas novas linhas. Até porque a gente costumava ensaiar na casa dele e ele estava se sentindo excluído. Gostamos do resultado. Quando gravamos o segundo EP, convidamos a Tetê para montar um mini-naipe com o saxofone. Eu toquei violino por vários anos quando era criança. Resolvemos inseri-lo na banda também. O Diego comprou uma concertina em uma viagem. O Emílio sabia tocar viola caipira e fez um arranjo para Teu capricho, meu despacho. O kazuo também veio de uma viagem da Tetê e do Diogo. Até que o Emílio chegou ao cúmulo de construir seu próprio ukelele com uma caixa de charutos”.

Diversidade explicada, a partir daí, esses instrumentos entraram cada vez mais no processo de produção da banda. “Hoje, o Diogo diz que quem trouxer um instrumento novo vai ter que pagar uma multa. Ou então precisamos de um carro maior”, conta Heitor.

Cena em Curitiba

Ao lado de Pata de Elefante, Sabonetes, Charme Chulo, entre outras, a banda Gentileza tem colocado cada vez mais a cena musical do sul em pauta fora da sua região e, juntas, tornam-se cada vez mais conhecidas no eixo Rio-São Paulo e em outros cantos do país.

“Acho que atualmente o ponto mais interessante da cena de Curitiba é a diversidade. Desde o rock mais tradicional, passando por inventividades caipiras, eletrônicas, instrumentais, indie e outros. E o diálogo entre as bandas está mais intenso do que há alguns anos”, comenta Heitor, que aponta apenas uma falha: a falta de um festival próprio em Curitiba.

E uma última curiosidade Heitor, fora gentileza, o que mais a gentileza tem gerado para a banda?

“Sono. A gente não aguenta mais ter que ensaiar de madrugada, já que é o único horário possível. Mas fora isso, só alegrias! Conhecemos muita gente nova e legal, lugares diferentes, damos entrevista para o Palco Alternativo e muitas outras coisas bacanas”.

Poxa, a gente agradece o prestígio.

Para ouvir os gentis: www.myspace.com/bandagentileza e www.tramavirtual.com.br/banda_gentileza

Twitter: www.twitter.com/bandagentileza e o site oficial: www.bandagentileza.com.br

One thought on “Gentileza que gera… valsambolerockaipira

  1. É melhor multar quem trazer um novo instrumento, senão o próximo disco ficará melhor.
    Muito boa a entrevista e, o disco, é claro.
    Falo!

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