(por Andréia Martins) – Macaco Bong, Guizado, Burro Morto, Mamma Cadela, Ruído/mm, The Dead Rocks, Hurtmold, e por aí vai. Esses são apenas alguns nomes de bandas que apostaram, nada mais nada menos, em fazer música instrumental para conquistar ouvidos mais aguçados. Mas a cena não era assim tão variada em 2002, ano em que gaúchos do Pata de Elefante resolveram mostrar a que vieram ao mundo.
Criada em janeiro de 2002, a banda tem dois discos lançados e consegue realizar o que pode ser considerado o maior desafio das bandas instrumentais: fazer canções com uma cara pop, bem-humoradas, cativantes com suas melodias sofisticadas e um balanço pelo qual é difícil não se deixar envolver. Tente.
O Pata de Elefante é formado por Gustavo Telles (baterista e que hoje acumula a função de manager da banda), Gabriel Guedes e Daniel Mossman (que fazem um revezamento 2×2 na guitarra e baixo) e tem dois discos na bagagem, Pata de Elefante (2004) e Um Olho no Fósforo e Outro na Fagulha (2008). O trio está gravando o terceiro disco, que deve sair até o final de 2009, e ainda não deu pistas do que podemos esperar do novo trabalho.
O multi man Gustavo Telles conta que a banda nasceu meio por acaso. A história é a seguinte: havia uma data disponível para um show. Ele e Gabriel já se conheciam. Restava encontrar o terceiro elemento da banda. Eis que aparece Daniel. “Conheci o Daniel uns minutos antes do show”, conta Telles. “O que era para ser apenas uma jam, acabou formando a Pata de Elefante, e desde o início, estávamos dispostos a fazer canções instrumentais”.
Em 2008, ao tocar no Abril Pró-Rock, o Pata acumulou momentos memoráveis ao tocar no mesmo palco que bandas como New York Dolls, Bad Brains, Helloween, entre outras.
Com influências de Eric Clapton, Jimi Hendrix, The Beatles, The Who, The Band, Rolling Stones, The Ventures, você vai encontrar uma boa dose de improviso misturada com a técnica de três excelentes músicos que, seguros, desfilam ora pelo puro e simples rock (ouça Pesadelo Hippie 3, Satuanograso e Bolero das Arábias, só para citar algumas) ora pelo blues, com momentos variando entre o folk e o country, e outros de puro pop (Bang Bang e Até Mais Versão são boas pedidas).
O trio foi até escalado para integrar a trilha do documentário Surf Adventures 2 – A Busca Continua, de Roberto Moura, com a canção Angelita, do primeiro disco. A trilha traz ainda Santana, Los Hermanos, Sly & The Family Stone, entre outros.
Com isso, a banda está conseguindo romper barreiras e transformar um estilo que até pouco tempo era extremamente cercado de preconceitos em algo pop. Se incomoda? Em algumas entrevistas, ao responder a mesma pergunta, Gustavo diz que não, pelo contrário. Afinal, esse é o objetivo, certo? E se até o Papa já foi pop, fica difícil resistir a uma Pata de Elefante com arranjos charmosos e uma boa pegada rock’n’roll.